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O que é o vinho verde?

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Uma característica comum a todos os vinhos brancos é que nenhum deles é branco. Diante de dois copos - um de leite e outro de vinho branco - qualquer pessoa é capaz de dizer em qual dos dois tem vinho, mesmo não sendo um aficionado. A mesma ideia cabe para os vinhos verdes. Nenhum deles é verde. A palavra não diz respeito à cor e sim ao frescor e à juventude com que deve ser consumido. É verde em oposição a maduro. Leve, pouco alcoólico, ácido, digestivo, bebido bem frio com sua aguda característica, é vinho muito requisitado.

No verão como bebida refrescante e, em todas as estações do ano, à mesa, com saladas e verduras ou com sardinhas grelhadas, se for branco, ou com bacalhau à portuguesa quando tinto. Típico e exclusivo de região demarcada no noroeste de Portugal, o vinho verde teve uma longa história que acompanha de perto a própria história da nação portuguesa.

Bebida singular, única no mundo, o vinho verde, branco ou tinto, destaca-se por seu frescor e originalidade. Os tradicionais vinhos de corte de várias uvas convivem modernamente com vinhos verdes varietais, brancos de Alvarinho, Arinto, Azal Branco ou Loureiro, tintos de Espadeiro, Rabo de Ovelha, Alvarelhão ou Azal Tinto.

Na Idade Média multiplicam-se as referências escritas ao cultivo das uvas e a elaboração de vinhos no noroeste lusitano, a partir das atividades nos mosteiros e do decisivo suporte da coroa portuguesa. O vinho entra definitivamente, entre os séculos XIII e XIV, nos hábitos das populações entre o Minho e o Douro ao mesmo tempo em que se dá a expansão econômica da região e a crescente circulação da moeda. Ainda que a exportação fosse pequena, os vinhos verdes foram, entre os vinhos portugueses, os primeiros conhecidos fora das fronteiras, particularmente na Inglaterra. O ano de 1908 é crítico na história portuguesa: o rei Carlos I e seu filho são assassinados, abrindo caminho para a República. Nesse mesmo ano, a região dos vinhos verdes é demarcada oficialmente e dividida em seis sub-regiões: Monção, Lima, Basto, Braga, Amarante e Penafiel. O limite a oeste é o Atlântico e, ao norte, a Espanha.

Tendo seguido por esses dois mil e tantos anos a história de Portugal, os vinhos do Minho guardam, em sua singeleza, um pouco da alma portuguesa.

 

Autor

Douglas André Wurz.

Engenheiro Agrônomo, Doutor em Produção Vegetal. Sommelier Internacional FISAR e Level 01 WSET, atualmente é docente de Fruticultura do IFSC, Campus Canoinhas, apresentando grande experiência na área da viticultura, enologia e análise sensorial de vinhos

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