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Entrevista: Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência

Entrevista: Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência

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Por Carla Taíssa

Em pleno Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, (na última terça-feira, 11), a ONU afirmou que mulheres e meninas continuam excluídas de participação plena na ciência. A data é celebrada justamente para reverter esse quadro. A UNESCO e a ONU Mulheres, em colaboração com instituições e parceiros da sociedade civil, promovem ações que fortalecem o acesso e a participação de mulheres e meninas na ciência.

E para comentar sobre isso, o Diário Entrevista conversa com Ana Marta Schafaschek, 26 anos, Bacharel em Ciências Biológicas, mestra e doutoranda em Zoologia. Confira a entrevista completa:

1 - Como começou o seu interesse em fazer pesquisa científica?

Meu interesse em fazer ciência iniciou quando estava ainda no ensino médio e participei de feiras científicas como Mostra Científica da Região do Contestado de Santa Catarina – MOCISC promovida na UnC. A partir disso fiz graduação de Ciências Biológicas a qual oportuniza fazer ciência, seguido e mestrado e agora em andamento meu doutorado.

2 - Em pleno Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, a ONU diz que mulheres e meninas continuam excluídas de participação plena na ciência. O que você acha que podemos fazer para mudar essa realidade?

As mulheres fazem muita pesquisa, muitos laboratórios são majoritariamente ocupados por mulheres, acredito que o que falta é visibilidade, divulgação e valorização desse trabalho, reconhecer o mérito das descobertas e criações dessas cientistas.

3 - Você acha que falta incentivo nas escolas para que os alunos se interessem por ciência e pesquisa?

Acredito que sim, na nossa cidade algumas escolas participam de feiras científicas, mas nem todas tem as mesmas oportunidades e condições de trabalhar com isso. Acredito que se aplica no país todo, principalmente em regiões e escolas mais carentes de recursos e estrutura. O que faz com que a ciência pareça uma atividade muito distante da sociedade e da realidade dessas pessoas, o que é o inverso do que realmente deveria ser, a ciência gera tudo que temos, seja na medicina, na alimentação, nos produtos e objetos que usamos. É difícil uma criança entender que pode ser cientista um dia.

4 - Qual mulher da ciência te inspira? Por quê?

Muitas mulheres me inspiram na ciência, trabalho com 6 pesquisadoras incríveis no meu doutorado, além de muitas colegas, mas se fosse para escolher uma eu diria Rosalind Elsie Franklin. Ela trabalhou com imagens da difração de raios-X do DNA, o que levou à descoberta da dupla hélice do DNA, da qual James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins compartilharam o Prêmio Nobel. Muitas pessoas acabam nem sabendo sua importância. Isso me inspira a mudar essa falta de visibilidade das mulheres em relação às pesquisas e descobertas. Fortalecer parcerias com outras mulheres.

5 - Qual foi sua principal conquista e quais suas metas para o futuro?

Eu acho que cada pesquisa realizada foi uma conquista, na minha graduação e mestrado trabalhei com recursos hídricos de Mafra e Rio Negro, o que me possibilitou realizar projetos com os rios de nossas cidades para melhorar a qualidade deles, e me possibilitou acompanhar a integração do Rio Negro e dos seus afluentes catarinenses em um Comitê de Bacia Hidrográfica. Agora no doutorado trabalho com ecotoxicologia, especialmente nos rios atingidos pelo rompimento da barragem de rejeitos em Mariana, MG, e acompanho trabalho com Aedes aegypti no Paraná. Espero continuar desenvolvendo projetos para melhorar a qualidade de vidas e ambientes.

7 - Que recado você gostaria de deixar para as meninas que se interessam por ciência?

Todas podemos ser cientistas, muitas coisas que existem hoje foram feitas por mulheres, muito do que é descoberto e desenvolvido continua sendo feito por mulheres. Acredito que buscar essas mulheres como inspiração, valorizar seus trabalhos para que mais mulheres e meninas possam saber e se descobrir nisso, e sempre buscar o conhecimento é a chave para iniciar essa jornada de fazer ciência e ser respeitada como cientista.

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