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Vinho Tinto e verão, será que combina?
Ainda que as temperaturas ambientais elevadas possam influenciar o desejo de beber vinhos, os comentários de que os tintos não são adequados para o verão não procedem. Tratando-se, entretanto, de uma bebida alcoólica à qual não se deve adicionar gelo, pois isso lhe altera a essência, a degustação de vinhos tintos nas épocas mais quentes do ano merece algumas considerações.
Algumas orientações quanto à escolha e à degustação de um "tinto de verão" devem ser consideradas, sendo que um dos seus atributos pode ser destacado de imediato: deve ser apropriado para ser bebido frio, diferentemente dos tintos encorpados e taninosos.
Assim sendo, com referência à tipo e estilo, a preferência deve ser para os chamados tintos jovens, como a Gamay e a Pinot Noir. Aliás, Santa Catarina nos brinda que excepcionais vinhos elaborados com a variedade Pinot Noir.
Servir um tinto muito quente é um meio garantido para se dar mal com um bom exemplar, arruinado pela causticidade do álcool. Muito frios, os tintos apresentam-se sem aromas e, anestesiadas as papilas, quase sem sabor. No caso dos vinhos de verão, o serviço deve ser próximo de 14ºC e, se há dificuldades de controle da temperatura, é melhor exagerar no resfriamento pois o vinho aquece rápido e, se for necessário aquecê-lo mais um pouco, basta envolver o corpo do copo com as mãos. Quanto mais leve e menos taninoso for o vinho - e diversos vinhos modernos são pouco taninosos - mais fresco deve ser servido.
Pinot Noir – O vinho para o verão?
Para muitos apreciadores de vinhos e especialistas, os vinhos elaborados com a uva Pinot Noir são aqueles que apresentam a maior elegância e complexidade. A origem da uva Pinot Noir é a Borgonha, na França. Esta província está localizada a sudeste de Paris, e é considerada uma região referência na elaboração de vinhos de excelente qualidade a partir da variedade Pinot Noir. Há evidências que a Pinot Noir é cultivada na Borgonha há mais de dois milênios – registros dessa uva datam do século IV a.C.
A uva Pinot Noir é considerada como uma das variedades mais difíceis de ser cultivada. São vários os fatores que contribuem para essas dificuldades, entre elas podemos citar: apresenta cachos muito compactos e casca fina e isso resultado em maiores problemas de podridões de cacho quando o período de maturação coincide com épocas chuvosas; A variedade apresenta um ciclo precoce, tornando-a muito suscetível a geadas de primavera; É considerada muito sensível às alterações de solo e de clima, podendo apresentar enormes variações entre terroirs e safras diferentes.
Por ser uma variedade com características tão peculiares, seus vinhos são geralmente varietais. É difícil encontrar um blend de Pinot Noir com outra variedade tinta, pois esse corte ofuscaria as características típicas dessa variedade.
Algumas vinícolas catarinenses que merecem destaque com os vinhos elaborados com a variedade Pinot Noir são: Vinícola Suzin, Vinícola Pericó, Villaggio Bassetti e Quinta da Neve.
Autor
Douglas André Wurz.
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Produção Vegetal. Sommelier Internacional FISAR e Level 01 WSET, atualmente é docente de Fruticultura do IFSC, Campus Canoinhas, apresentando grande experiência na área da viticultura, enologia e análise sensorial de vinhos