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Mães, memórias, histórias nem sempre ouvidas...
Data de Publicação: 8 de maio de 2020 13:52:00
Observamos como um fenômeno do nosso tempo a espantosa velocidade com que tudo se altera. Estamos vivenciando acontecimentos diários, em todas as dimensões da sociedade, que nos afetam profundamente sem ao menos termos tempo suficiente para elaborá-los. Fatos que antes que tenhamos compreendido já estão sendo esquecidos. Mas o fato de não lembrarmos, não significa que não sentimos tão pouco que não sofremos. Pensemos por um instante naquelas que acumulam experiências a mais tempo que nós. As nossas Mães.
Será que nos tempos de nossas Mães haviam tantas transformações assim? tantos acontecimentos? Será que nossas Mães se deram conta de tudo o que se passou em suas vidas e na sociedade? Como será que elas eram antes de se tornarem Mães? Sabemos o que mudou em suas vidas? Do que elas precisaram abrir mão para se tornarem Mães? Quantas noites mal dormida? Sabemos que a maternidade configura um acontecimento intenso na vida da mulher.
Muitas vezes as Mães não lembram mais de tudo o que já passaram, pois afinal, a vida é tão corrida para todos que elas tiveram que esquecer por faltar a quem contar e relembrar. Mas apesar de terem esquecido muito de suas histórias, pode não significar que já tenham elaborado e não sofram por não terem tido a oportunidade de partilhar suas tristezas, angústias ou suas alegrias. E os sintomas aparecem de diversas formas, e nem sempre estamos preocupados com a saúde mental de nossas Mães.
Pois bem, vamos comemorar o dia das Mães, mas seria melhor que não fosse apenas mais um dia de entrega de presentes, abraços simbólicos e fotos para postar nas redes sociais. Que no almoço elas não estejam exaustas, ignoradas, sozinhas no canto por não estarem adaptadas a toda tecnologia e modernidades que existe. Que neste dia das Mães, elas possam se orgulhar de quem são, do que viveram, dos filhos, da sua aparência, do seu corpo marcado pelas lutas da vida, se orgulhar de suas memórias, histórias, nem sempre ouvidas. Que elas possam contar com esposos mais participativos no cuidados dos filhos e que delas não seja exigido a perfeição mas apenas as compreendamos do jeito que conseguem ser.
Nesse tempo em que estamos praticando o isolamento social e muitos filhos para proteger suas Mães optam por não visitá-las, tem a possibilidade de ouvi-las através da internet ou se moram juntos podem estar protegidos em uma distância segura. Os filmes e séries tão comuns nessa quarentena podem ceder um tempinho para ser dedicado a ouvir as Mães assim como as fotos para redes sociais e os abraços superficiais poderão dar lugar a simples atenção despretensiosas. Será um dia feliz, pois vamos agradecer essa terna força de afeto maternal desprendida a nós e presentear com uma fina escuta da história contada, através do silêncio inativo e amoroso daquela que nos trouxe a vida. Feliz dia das Mães.
Autor
Fernando Pimentel, Psicólogo: CRP 08/27411- PR - 12/IS-19279-SC. Graduado em Psicologia pela faculdade Pitágoras de Londrina. Graduado em Filosofia e Teologia pela FAVI de Curitiba. Pós Graduado em Metodologia de Ensino de Filosofia e Sociologia pela Universidade do Contestado (UnC) de Mafra.
Instagram: @fernandopimentel.psico