No século 20, ainda existiam muitas famílias vivendo no espaço rural. Trabalhavam extraindo da agricultura e da pecuária para o sustento da casa. Partilhavam os alimentos na mesa, sendo proporcionado a troca de experiências entre as gerações, bem como aprendendo valores e histórias da família.

Porém na atualidade, a correria diária, demanda e o horário das atividades, entre outros fatores, estão tornando hábitos dos pais e filhos se alimentarem fora de casa, isso está se tornando cada vez mais comum. Com o passar das décadas, o êxodo rural foi tornando a tradição de alimentar-se à mesa, cada vez mais rara, e por razões muito obvias, como por exemplo, a tecnologia, não que esta seja a causadora, mas porque alguns optem por comer na frente da televisão, computador ou celular.

Também temos os alimentos industrializados que facilitam uma alimentação rápida, exigindo menos tempo em casa, já que as demandas de trabalho e estudos nos roubam o tempo precioso, que antes era desprendido para a mesa da família.

Um dos fatores mais prejudicados está sendo a interação afetiva entre os membros da família, quando alguns comem na cozinha, outros na sala e outros ainda no quarto. Perde-se a oportunidade de saber como será ou como foi o dia de cada um. Perde-se a oportunidade do diálogo ou mesmo dos cuidados com os alimentos que estão sendo consumidos, sobretudo, entre as crianças.

Quando não tem o hábito de se reunir para realizar refeições juntos, perde-se um dos espaços primordiais de acolhimento, de escuta, de oportunidade de se expressar e de sentir-se socialmente seguro. Deixa-se passar uma ótima possibilidade de crescimento espiritual, agradecendo e criando um clima de gratidão, ou mesmo, propiciando a reconciliação e perdão dos que se desentenderam. Estar à mesa, cria um sentido de pertença, o que pode ajudar nos momentos de dificuldades. Quanto mais distantes uns dos outros, mais possibilidades de sermos levados a futuros quadros de depressão, isolamento social entre outros.

Não importa como essa família é constituída, mas o encontro na hora das refeições, pode levar a pessoa a compreender o sentido da vida social, de si mesmo, de interação, de respeito, de ser ouvinte, de confiança, pois os bons exemplos adquiridos ultrapassam os limites da mesa e da casa, e se estende para a escola, faculdade, trabalho e na rua.

Existem vários fatores que prejudicam o encontro nas horas das refeições, mas que podem serem previamente resolvidos, uma vez que a família vem em primeiro lugar, e com organização, aceitação e compromisso, ao menos uma das várias refeições diárias, podem ser dedicadas ao encontro. Com toda certeza, esse hábito irá se tornar um comportamento e conseqüentemente um valor.

Autor

Fernando Pimentel, Psicólogo CRP 08/27411- PR  12/IS-19279-SC