Por: Aline Cardoso

Com a vinda da pandemia do novo coronavírus várias famílias tiveram as suas rotinas mudadas. Por isso, a entrevista de hoje é com Daine Lila Deolindo que é mãe de dois filhos, Isabela de 14 anos de idade e Theodoro de 9, esposa de Jardel Pasini Deolindo, professora e comerciante. Sua rotina e da sua família também mudou e muito de acordo com ela. “Praticamente uma tentativa de adaptação pós apocalíptica, uma fase de transição e aprendizado para o atual “normal”.

Com tudo isso, ela conta que o trabalho não é mais tão produtivo como antes, com todos em isolamento social virou um misto de trabalho e tarefas escolares. “Ligações, orçamentos, e afazeres são interrompidos por gritos de “mãe me ajuda”, choros e inseguranças, saudades e claro sorrisos e conquistas também.”

Assim sua família vai se adaptando todos juntos. “Cada dia é um dia, melhoramos aqui, recuamos ali, mas continuamos, nesses ensaios para esta adaptação”, diz Daine. 

Com as restrições de isolamento não podemos nos encontrar, ver os familiares, almoços e festas, coisas que éramos acostumados antes do vírus aparecer. Eles estão a três meses sem ver seus familiares e amigos “pelas pessoas que amamos, respeitamos o isolamento social. A saudade está judiando muito, são três meses sem ver nossa família, sem passeios, festas, encontros, abraços e contatos”, conta Daine. Mas ela reforça que a família tem enfrentado tudo isso com muita conversa e presença.

Seus dois filhos, Isabela e Theodoro, com idades escolares diferentes têm mantido os estudos por plataformas online, é como a maioria das escolas está fazendo para atender seus alunos. Daine, como mãe, vê que o esforço dos dois lados, pais e escola tem sido muito importante, “precisamos ser compreensivos uns com os outros. Minha filha mais velha se ‘vira’, faz do jeito que consegue e tem boas notas. Já o aprendizado não consigo avaliar, acho que é um malabarismo de altos e baixos. Meu filho mais novo é um misto de tudo” relatou. Para ela o ensino fundamental 1 é mais delicado e precisa de mais atenção. “Ele quer brincar por estar em casa, busca minha atenção a todo momento e sente muito mais com a falta do contato escolar do que o próprio aprendizado. Nada substitui o ambiente escolar e contato humano, indiferente da idade”, afirmou. 

Além das obrigações do dia a dia a família também procura se distrair e esquecer por um momento de tudo. Claro, que com o isolamento as distrações não podem ser como antes. Eles gostam de passar o tempo com coisas simples “Brincamos, ficamos com nossos animais de estimação e gostamos do contato com a natureza também. Passeamos de carro, lemos, assistimos filmes e séries. E para matar a saudade as chamadas em vídeo têm sido uma forma de atenção e amor com quem está longe” disse ela.  

Estamos no mês de junho que é um mês que possui muitas datas comemorativas e para esta família mais ainda. Isabela e Theodoro, fazem aniversário neste mês, mas como as festas com aglomerações estão proibidas e não pode ser comemorado como de costume, eles procuram mesmo assim não deixar passar estas datas “Mesmo que estamos enfrentando toda essa situação triste, procuramos comemorar. Dia dos namorados por exemplo, fizemos fondue e jogamos ludo. No aniversário dos meus filhos, foi mais difícil, mas não deixamos transparecer. Quando se tem uma criança que vem a 30 dias fazendo contagem regressiva para o dia do seu aniversário em plena pandemia, a gente até acha graça e fica tudo mais leve. Amigos e famílias fizeram falta, mas com uma ligação em vídeo ajudou na saudade” contou Daine.

A quarentena realmente transformou a vida de muita gente e para Daine os dias parecem estar mais curtos “acúmulo de funções, casa, trabalho e escola, o tempo se tornou ainda mais precioso” afirmou. 

Por isso, ela deixa uma mensagem de conforto a todos que como ela enfrentam junto com sua família esse momento, escrito por Elena Mikhalkova - A Sala das Chaves Antigas “Minha avó uma vez me deu uma dica: em tempos difíceis, você avança pequenos passos. Faça o que você tem que fazer, mas pouco a pouco. Não pense no futuro, nem no que pode acontecer amanhã. Lave os pratos. Retire o pó. Escreva uma carta. Faça sopa. Você vê? Você está avançando passo a passo. De um passo e pare. Descanse um pouco. Elogie-se. De outro passo, depois outro. Você não notará, mas seus passos crescerão cada vez mais e chegará o tempo em que você poderá pensar no futuro sem chorar.”