José Nicolau Hampf

Por Aline Cardoso

No ano de 2014 ele começou a vender móveis em uma loja da cidade e ao montá-los, via alguns problemas e defeitos e então após perceber que gostaria de consertá-los decidiu começar no ramo de marcenaria “trabalhei com móveis sob medida por 10 anos, tendo feito grande clientela e amigos na cidade”, contou. Abriu uma pequena marcenaria com incentivo de sua esposa e atuou no ramo até o ano de 2016 quando infelizmente descobriu um câncer maligno. Após um infarto, durante seu tratamento decidiu vender a marcenaria e começar a fazer esculturas e quadros para sobreviver. “Utilizando as redes sociais, fui divulgando meus trabalhos, que hoje são remetidos para vários países como Canadá, EUA, Alemanha, Suíça, Itália e Inglaterra entre outros” disse.

Apesar de tudo seu José nunca desistiu da arte e conta que foram muitos os desafios encontrados  em toda sua carreira “Os maiores desafios que encontrei em minha carreira foram o alto custo de alguns materiais no Brasil. Durante anos, fiz sacrifício para adquirir as ferramentas e cursos que precisei, comprando a prestação e me privando de muita coisa, como viagens, jantar fora e festas para conseguir montar meu pequeno ateliê”.

Porém o artesão teve a ajuda de um amigo que apoiou sua arte “Mateus Ecker, um jovem empresário, um cliente e que se transformou em um amigo. Graças aos investimentos que fez em minha carreira e ao seu incentivo, pude adquirir as ferramentas tão necessárias para fazer a usinagem da madeira e dar-lhes um acabamento à altura”, lembrou.

Foram muitos projetos realizados, mas seu José tem seu preferido, um quadro em MDF cru pirogravado com a foto de sua esposa “fiz em 2004, era seu aniversário, e naquela época em que as condições financeiras não me permitiram comprar um presente. Aí, todo o sentimento e admiração por ela foram colocados de forma a servir sempre de inspiração para minha mente” relatou.

Segundo ele a esposa foi sua primeira fonte de inspiração “me acompanha a quase 25 anos” ressaltou. Diz que ela sempre muito detalhista, sempre o apoiou a utilizar a madeira sem desperdiçar nem mesmo peças pequenas que são descartadas. “Nossa conversas sempre trazem uma ideia, um conceito que aplico na madeira” falou.  

Sua segunda fonte de inspiração diz ser a própria madeira, “com suas formas muitas vezes estranhas, seus veios de cores diferentes, suas reentrâncias sugerem um universo de semelhanças e utilização muito grande” destacou.  Seu José ressalta que suas artes são feitas com madeiras de árvores caídas por consequência de ventos ou aquelas com doenças e brocas “ao ver uma árvore caída, observo a forma, a textura e suas características, já imaginando o que poderá sair dali. Para mim, toda madeira tem algo embutido dentro dela, um objeto, um animal, um utensílio. Basta ver onde está e tirar a madeira que a reveste. Faço isso em minha mente ao imaginar o que farei com o material”.

Seu José diz poder fazer qualquer coisa com a madeira, que nada é impossível para quem tiver empenho e dedicação “o empenho é algo pessoal, mas que fortalece o espírito criador e permite ver além do material. Dedicação é arriscar tudo, fazer sacrifícios pessoais e acreditar. Manter-se focado no que se está fazendo e não ter pressa em fazer. A magia da madeira é que tendo levado as vezes mais de um século para atingir o tamanho ou a forma que se precisa, ela estará lá, a espera de alguém que a transforme em algo belo, útil e prazeroso de se ver. A criatividade é o que diferencia o artista de uma máquina. A exigência é o acabamento, que sempre deve ser esmerado. Comparar suas obras com as de grandes artistas ajuda no esforço de criação e dá resultados incríveis. O segredo está nos detalhes. Invistam em si mesmos, usem todos os seus recursos e gastem cada minuto a planejar e executar suas obras. Nunca desistam”, finalizou.