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Dia Mundial de Combate à Raiva

Dia Mundial de Combate à Raiva

Data de Publicação: 28 de setembro de 2020 14:31:00

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Todos os anos, no dia 28 de setembro, por inciativa da Aliança Global para o Controle da Raiva e Organização Mundial da Saúde (OMS), é celebrado o Dia Mundial de Combate a Raiva, que tem como objetivo orientar a população do mundo todo sobre suas características e como preveni-la. A data foi escolhida em homenagem a Louis Pasteur, falecido no dia 28 de setembro de 1895, um cientista, químico e bacteriologista francês, que desenvolveu a primeira vacina eficaz contra a doença.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde mais de 50 mil pessoas morrem anualmente por causa da raiva em todo o mundo, sendo que cerca de 40% das vítimas têm menos de 15 anos. Em 2019, no Brasil foram confirmadas 13 mortes decorrentes da doença, sendo uma destas em Santa Catarina, que após 38 anos registrou o primeiro caso de raiva humana.

A raiva, popularmente conhecida como doença do cachorro louco e/ou hidrofobia, é uma zoonose (doença ou infecção que pode ser naturalmente transmitida entre animais vertebrados e seres humanos), caracterizada como uma doença infecto contagiosa aguda, causada por um vírus que afeta o sistema nervoso central.

A transmissão acontece normalmente pela mordida ou arranhões de animais infectados, no entanto, existe a possibilidade de se contrair a doença por meio do contato da saliva do animal doente diretamente em ferimentos, olhos ou mucosas. É importante destacar que todos os mamíferos, inclusive o ser humano, são susceptíveis ao vírus rábico.

A doença apresenta quatro ciclos de transmissão: o ciclo urbano em que a transmissão ocorre por animais domésticos, principalmente cães e gatos; o ciclo rural que é representado pelos animais de produção, como bovinos, equinos, suínos, ovinos e caprinos; e o ciclo silvestre em que a transmissão pode ocorrer por raposas, guaxinins e primatas, assim como por morcegos; e o ciclo aéreo, que envolve exclusivamente, morcegos hematófagos (se alimentam de sangue) e não hematófagos (se alimentam de insetos ou frutas).

Como o vírus tem preferência por células do sistema nervoso, assim que penetra na pele por meio de uma lesão, se multiplica, invade os nervos periféricos e continua movendo-se lentamente até alcançar o cérebro onde irá causar uma inflamação grave, chamada de encefalite. A partir dali se espalha para os demais órgãos, porém nas glândulas salivares torna a multiplicar-se e por isso é excretado pela saliva do animal doente.

Alguns dos principais sinais clínicos em todos os animais são: dificuldade para engolir água ou alimento, salivação excessiva, mudança de comportamento caracterizada por agressividade, convulsão, e paralisia. Em cães destaca-se ainda a mudança no latido, que se torna diferente parecendo um “uivo rouco”, e em morcegos mudança de hábitos, podendo ser encontrados durante o dia, em locais e horários não habituais.

Em seres humanos os primeiros sintomas são inespecíficos podendo ser confundidos com os de uma infecção qualquer e até mesmo uma gripe. Mal estar, febre, dores de cabeça e garganta, falta de apetite, além de desconforto gastrintestinal, são alguns destes sintomas. A inflamação progressiva causada pelo vírus no sistema nervoso central desencadeia inúmeros sintomas neurológicos graves, como confusão mental, desorientação, alucinações, crises convulsivas, além de dificuldade para engolir e respirar. O quadro clínico evolui para paralisia generalizada, e posteriormente para coma e morte.

A raiva não tem cura e evolui rapidamente. Entre o início dos sintomas e o estado de paralisia pode se passar apenas 7 dias. Por este motivo, para pessoas que são consideradas grupo de maior risco de infecção é indicado tratamento preventivo, utilizando vacina antirrábica. Já para pessoas que são mordidas ou arranhadas por um animal, o tratamento varia de acordo com a localização e gravidade da lesão.

Inúmeras medidas podem ser tomadas com a finalidade de prevenção a raiva, todavia a vacina é a principal arma de combate a esta doença, por isso é imprescindível manter a vacinação dos animais em dia, e jamais deixa-lo solto na rua. Caso seja mordido ou arranhado por um animal deve-se lavar imediatamente o ferimento com água e sabão e procurar o serviço de saúde mais próximo. O animal que causou a agressão deve ser deixado em observação durante 10 dias, afim de que se possa identificar algum sinal indicativo da raiva.

Dentre outras medidas de prevenção pode-se citar ainda que nunca se deve tocar em animais estranhos, doentes e feridos, sem saber sua procedência, principalmente se for morcegos. Evitar frequentar grutas ou cavernas, pois muitas vezes estas são abrigos desta espécie animal. Além disso, deve-se informar ao órgão competente (CIDASC) a existência de qualquer espécie de morcego em, ou próximos, a residências.

Existe uma iniciativa mundial da OMS de erradicar a raiva até 2030, entretanto, sem a participação da comunidade em seguir estas simples medidas de prevenção, este objetivo se torna utópico.

Autoras

Daniele de Cássia Karvat – Médica Veterinária, Mestranda no Programa de

Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado

(UnC). E-mail: daniele.karvat@gmail.com

Dra Daniela Pedrassani – Médica Veterinária, Docente do Curso de Medicina Veterinária e do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UnC). Email: daniela@unc.br

 

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