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Ciclistas de RioMafra cumprem trajeto de 318km até o Santuário Nacional de Aparecida

Ciclistas de RioMafra cumprem trajeto de 318km até o Santuário Nacional de Aparecida

Data de Publicação: 6 de agosto de 2021 15:00:00 O trajeto percorrido pelas ciclistas Hayana Jaines e Tatiane Cariolati Mazur é chamado Caminho da Fé. Foram 318 quilômetrosde bicicleta, cumpridos em 5 dias. Elas contam toda essa experiência na entrevista abaixo. Confira!

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Por Aline Cardoso

Criado para dar estrutura aos que desejam fazer a peregrinação até o Santuário Nacional de Aparecida. A ideia é reproduzir a experiência do Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. O peregrino leva consigo uma credencial desde o início da sua rota, documento que ele deve carimbar em pousadas ao longo do trajeto para ter direito a um certificado de conclusão ao fim da viagem. O trajeto proposto foi denominado Caminho do Fé e os locais de pernoite, pousadas, tudo planejado para oferecer conforto e segurança aos peregrinos.

Foi esse caminho que a dupla riomafrense Hayana Jaines e Tatiane Cariolati Mazur percorreu. Foram 318 quilômetrosde bicicleta. Trajeto cumprido em 5 dias. Elas contam toda essa experiência na entrevista abaixo. Confira!

- Para começarmos contem para nós como vocês começaram a pedalar e ter essa vontade de percorrer grandes quilometragens?

Tatiane: No final de 2016 eu e meu marido Willian começamos a pedalar, gostamos da ideia e começamos a ir para alguns eventos. Nisso surgiu o grupo Força no Pedal, em que nós fomos um dos idealizadores daqui da cidade. Eu, ganhei muita saúde através da bicicleta, comecei a ir para algumas provas nas quais me destaquei. A bicicleta foi um divisor de água na minha vida.

Hayana: Aproximadamente há 3 anos a bicicleta apareceu na minha vida, também por incentivo do meu esposo, Augusto. Moramos a pouco tempo aqui na região e através da bicicleta que conheci a Tati, que é uma grande inspiração para mim. Pretendo competir também e muito disso por incentivo dela.

- E a ideia de pedalar até a Aparecida, surgiu como?

Tatiane: Fui fazer esse pedal em agradecimento a saúde que ganhei através da bicicleta. É um caminho muito desafiador, mas não impossível. Com uma pedalada de cada vez chegamos lá. Foram 310 quilômetros percorridos, vivenciamos cada momento. 

Hayana: Há uns 2 anos a Tati já comentava que ela gostaria de fazer o Caminho da Fé e eu o Augusto como temos o costume de fazer o cicloturismo, já fizemos a costa do Uruguai, a Travessia da Cordilheira dos Andes, da Argentina para o Chile, o Vale Europeu e quando a Tati deu a ideia nós abraçamos. Foi no susto, pois como trabalhamos, precisaríamos ver a questão de férias por isso foi em julho.

- É necessário ter uma preparação, afinal é uma distância bem longa. Como foi a preparação de vocês?

Tatiane: Eu faço pilates e funcional no SESC e tento pedalar nos horários livres.

Hayana: Faço yoga há 1 ano e meio para trabalhar bastante a questão da respiração, o que conta muito. Tentei fazer todas as manhãs antes do nosso pedal para literalmente aquecer os pulmões para auxiliar no dia. Faço acompanhamento com a nutricionista, o que super me ajuda e também sempre pedalando, não dá para ficar sem.

- E durante a viagem, hospedagem, alimentação, vocês organizaram de que forma?

Tatiane: Nos encontramos um dia na casa da Hayana e do Augusto e definimos em quantos dias faríamos esse trajeto. A principio seriam 4 dias, reservamos as pousadas mas chegando lá vimos que a realidade era outra. Como tínhamos coisas para carregar, o que dava aproximadamente 10 kg, no final do dia por conta do cansaço parecia que aquilo se tornava uns 50 kg. É um lugar com muita serra, muita subida, então ele vai te desgastando. Mas de preparo, reservamos as pousadas que são ótimas, o custo do cicloturismo em si é bem baixo comparado a outros que já fizemos. Uma dica é fazer o trajeto no inverno, que não fica tão quente, pois lá é bem mais quente que aqui e fazendo no inverno não tem tanto o desgaste físico.

Hayana: A Tati já veio com bastante material no dia que nos encontramos, com bastante referência de outras pessoas. O caminho em si é bem organizado, sinalizado. As pousadas são baratas, a alimentação também bem barata, comemos muito bem. Um detalhe importante em saber é que a humidade do ar lá é menor, bem diferente daqui. Foram vários detalhes, mas algumas coisas nós não pensamos antes o que fez com que quando chegássemos lá percebemos que era diferente.

- Teve alguma situação durante a viagem ou até mesmo na chegada de vocês que marcou?

Tatiane: Não tivemos nenhum contratempo em relação a saúde, com o que fizesse a gente desistir. Foi um dia de cada vez, pois o caminho é muita subida. E nós fomos muito abençoados pois um grupo de São Miguel do Oeste, que já havia feito o trajeto, ofereceu ajuda a nós, levando as nossas mochilas, dando dicas de onde, que horas comer.

Eu tenho muita fé e acredito que em todo o caminho a Nossa Senhora estava comigo. Eu sou muito ansiosa, então antes do trajeto e durante eu não desliguei, não conseguia dormir, por isso acho que ela me acompanhou em todo o percurso.

É um momento só teu, um momento de você se auto encontrar, de acreditar mais em si mesmo.

Hayana: O tanto que a gente desce a gente sobe. Aquela região de Minas Gerais é surpreendente, muito lindo, a paisagem é surreal. Mas a dificuldade do pedal é realmente de outro nível, tem que se preparar.

Nós fomos sem carro de apoio, então esse grupo que tinha carro de apoio ofereceu ajuda e nos acolheu. A partir daí praticamente começou um novo pedal, facilitou muito sem a bagagem na bicicleta. Ficamos com eles do segundo dia até o quinto dia.

E na questão do que o caminho te proporciona, o autoconhecimento, o quanto temos uma força que não imaginamos. A todo momento do trajeto isso vem à tona.

Teve uma situação em específico que me marcou muito. No primeiro dia éramos só nós de mulheres ciclistas. Tinham outros grupos mas só homens. Na segunda subida eu parei no meio dela para descansar e um grupo de homens começou a gritar para eu descer da bicicleta e empurrar, que era mais fácil. Mas eu não queria descer para empurrar eu só estava descansando para continuar. Aquilo me subiu um certo combustível para eu ir até o final daquele subida e de certa forma provar que nós somos capazes sim, nós mulheres podemos ir muito além do que imaginamos. Quando terminei aquele subida virei e comecei a gritar que eu tinha conseguido, pois eu fiquei muito eufórica e teve alguns meninos que conhecemos, que começaram a gritar torcendo por mim.

- Para quem gosta de pedal e quer começar a fazer viagens como a de vocês qual a dica que vocês dão?

Tatiane: Temos que ser incentivadores um dos outros, então quem quiser participar do nosso grupo Força no Pedal, tirar dúvidas podem me chamar no WhatsApp (47) 98425 - 0133. A bicicleta é um meio de atividade física maravilhoso, você conhece muitas pessoas através dela. Vai muito além.

Hayana: É começar de uma forma gradativa, começa pedalar a passeio, depois começa com um desafio, uma pedalada mais longa. Ter um preparo mínimo e uma continuidade no pedal.

Assista a entrevista: 

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