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Dia do farmacêutico: Dra. Juliane conta sobre os obstáculos e desafios da profissão

Dia do farmacêutico: Dra. Juliane conta sobre os obstáculos e desafios da profissão

Data de Publicação: 26 de janeiro de 2022 15:22:00 Nesta entrevista, conversamos um pouco com a Dra. Juliane Kuss sobre desafios dos farmacêuticos na pandemia e estereótipos que a carreira carrega

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O que te fez escolher esta carreira?

Juliane: Eu terminei o ensino médio e estava estudando para o vestibular. Na verdade, eu sabia que gostava da área da saúde, de química, biologia e acabei escolhendo isso. Conversei com algumas amigas que me falaram sobre Farmácia, mas eu não tinha muita ideia do que era a profissão em si. Fui fazer e me apaixonei na faculdade e nas matérias.

 

O que você falaria sobre os estereótipos desta profissão?

Juliane: Sim, tem muitos estereótipos: “Vai fazer farmácia, vai ser vendedor”. Tem muitas pessoas que nem sabem que existe a profissão de farmacêutico, acham que qualquer um que trabalha na farmácia é farmacêutico. Na farmácia tem os atendentes e, hoje em dia tem pelo menos dois farmacêuticos, porque ele tem que estar em tempo integral durante o período em que a farmácia está aberta. Mas claro, as vezes escutamos alguma coisa ou outra, por exemplo, “Vai ficar lá, colocando recarga de celular”. Porém, o trabalho do farmacêutico vai muito além de vender o medicamento, nosso principal papel lá dentro é a orientação farmacêutica para os pacientes, a orientação da equipe, instruí-los do que pode e não pode ser feito, controle de temperatura, controle de estoque, medicamentos, validade, tudo bem mais complexo.

 

E qual é a sua especialidade, a parte principal do seu trabalho?

Juliane: Então, eu sou farmacêutica desde 2000, me formei nesse ano e trabalhei por muito tempo na área comercial, em farmácias, fiz especialização em atenção farmacêutica e agora fazem três anos que me interessei pela área de estética. Fiz especialização em saúde estética e hoje sou farmacêutica esteta e estou trabalhando nessa área atualmente.

 

O que seria essa área?

Juliane: O farmacêutico esteta é habilitado para fazer procedimentos minimamente invasivos, então, trabalhamos com botóx, podemos fazer preenchimento labial, preenchimento de olheiras, trabalhar com rejuvenescimento facial, tratar e fazer clareamento de manchas, trabalhamos com gordura localizada, onde podemos aplicar enzimas nas áreas de gordura localizada para a queima das mesmas. Nas varizes, conseguimos fazer a secagem dos vasos. Quase tudo é feito com o uso de agulhas.

 

 

A farmácia vai muito além de medicamentos?

Juliane: Sim, vai muito além, a farmácia é uma profissão que abre muitas portas. Sempre tem trabalho, existe uma grande diversidade de áreas que você pode trabalhar, tem muitos empregos. No mercado de trabalho, posso falar que em 22 anos eu nunca fiquei desempregada, as únicas vezes que eu não estava trabalhando foram por opção própria. Sempre tem muitas pessoas requisitando esse trabalho e eu acho bem gratificante porque a gente trabalha na atenção primária da saúde. É uma área da saúde, não podemos esquecer disso. Temos uma responsabilidade, as pessoas chegam e podemos ajudar, ambientar as pessoas da forma correta, e principalmente, a usar medicamentos e quando não utilizar. Então isso é uma responsabilidade grande e é gratificante quando a gente pode contribuir para a saúde coletiva.

 

Durante a pandemia, quais foram seus maiores obstáculos e dificuldades no meio farmacêutico e como você lidou com elas?

Juliane: No início da pandemia eu ainda trabalhava em drogaria e foi bem desafiante, porque era uma coisa muito nova e diferente para todo mundo, todos estávamos com medo. Nós fomos um dos serviços essenciais que não parou naquele primeiro momento de março, quando fechou tudo era só nós e os mercados abertos e quando as pessoas chegavam na farmácia, tínhamos que ter o controle para o pessoal entrar e a questão do álcool que não estávamos habituados. E teve aquela falta do início da pandemia, houve muita falta de produtos, não tinha máscara, não tinham luvas, o pessoal corria muito para a farmácia comprar polivitaminico e a gente não conseguia manter o estoque, tudo vendia, porque as pessoas começaram a ficar apavoradas para aumentar a imunidade. Então essa questão de tentar orientar as pessoas e tentar acalmar. Primeiro a gente tinha que se acalmar, se controlar para a situação e passar um pouco mais de tranquilidade para as pessoas, um pouco mais de segurança. Começaram a fazer muito automedicação, aí viam na mídia que a Ivermectina era bom e queriam comprar tudo, a Anvisa teve que intervir e colocar tudo como medicamento controlado por um tempo, porque se não as pessoas ficavam tomando como se fosse qualquer medicamento. Qualquer medicamento tem contraindicações, tem reação adversa, então tem que ter esse cuidado. Então numa situação assim grave e inesperada, ninguém sabia como agir e normalmente a farmácia é o primeiro lugar que as pessoas vão se ficam com resfriado ou alguma coisa, nem sempre a gente tem acesso direto ao médico, seria o ideal que qualquer queixa a gente pudesse recorrer ao médico. Felizmente, o pior já passou.

 

E as pessoas ainda buscam por esses remédios? Elas ainda se automedicam por causa do Corona vírus?

Juliane: Sim, ainda se automedicam. Por várias questões, eu acho que a automedicação, não é uma coisa ruim se ela for orientada. Chamamos isso de automedicação responsável. Mas o que é a automedicação responsável? Quando usamos medicamentos que não requerem receita médica, porque tem os medicamentos que são livres de prescrição e os medicamentos que a gente usa com orientação do farmacêutico. E sempre tem um limite de dias que eu posso usar um medicamento, as vezes estou a um mês tratando uma dor que não passa, isso já não é uma automedicação. Então você usa um, dois dias e não melhorou, tem que procurar atendimento médico. Mas as pessoas se automedicam, como eu falei, a assistência médica não chega a todos os locais, então, sempre que a pessoa precisar tomar um medicamento a gente orienta que procure na farmácia falar com o farmacêutico e, um bom farmacêutico vai avaliar se a pessoa pode tomar algum medicamento que não necessite receita médica para melhorar algum sintoma ou alguma dor, se não, tem que encaminhar para o médico.

 

 

Confira o vídeo da entrevista abaixo:

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