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Dia do teatro: o professor do grupo de teatro de Rio Negro conta sobre as atividades do grupo

Dia do teatro: o professor do grupo de teatro de Rio Negro conta sobre as atividades do grupo

Data de Publicação: 25 de março de 2022 15:47:00 O professor do grupo de teatro, Henrique Gaio, conta nesta entrevista sobre sua carreira, sobre processos teatrais e o que está sendo trabalhado no grupo teatral de Rio Negro

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1. Como você decidiu entrar para o mundo do teatro? Como foi todo o processo de aprendizagem nessa área?

Henrique: É uma história que já vem desde a infância, desde quando eu comecei a fazer teatro na escola, com mais ou menos 8 e 9 anos. Quando a professora proporcionava para nós essas atividades que a gente poderia trabalhar o lado lúdico, trabalhar o conteúdo pedagógico, e na época a gente achava que era tudo uma brincadeira. E desde então eu fui buscando cursos, buscando atividades que completassem esse meu desejo, e na medida do possível eu fui me profissionalizando. Já com 15 anos, eu comecei a fazer teatro viajando pelo interior, apresentando peças, indo para outras cidades mostrar o trabalho, e a gente tinha apresentações na parte da manhã, tarde, e noite, sempre com os locais, que geralmente eram teatros ou cinemas das cidades, sempre lotados com apresentações. E aí, quando eu decidi realmente me profissionalizar eu entrei na faculdade de artes do Paraná, em Curitiba, e lá eu fiz o curso de licenciatura dentro da área de teatro e ao mesmo tempo eu trabalhei também com a profissionalização através do sindicato dos artistas, no Sated do Estado do Paraná.

 

2. Qual foi a sua maior peça teatral?

Henrique: Eu sou sócio de uma companhia de teatro que nós estamos juntos há 10 anos, realizando diversas atividades. Já participei como convidado em outras companhias, em outros grupos, mas, eu considero que a peça mais simbólica na minha carreira, é uma peça que nós realizamos entre 2005 e 2009. Nós fizemos diversas apresentações com esta peça, o nome é Mais Amores e Canções. Eram espetáculos divertidíssimo de fazer, onde nós passávamos desde a década de 1960 até os anos 2000 representando e fazendo o cover de vários artistas que marcaram as épocas, então, a gente interpretava o Sidney Magal, tinha os Beatles, tinha vários artistas que a gente dublava, fazia a caracterização dos personagens e entre essas músicas, nós tínhamos também as cenas, e era muito divertido. Foi aí que nós resolvemos criar o nosso grupo, nossa companhia de teatro profissional e trabalhar com isso durante o tempo todo.

 

3. Nos conte um pouco sobre a sua companhia de teatro, como foi a fundação?

Henrique: Então, como eu falei, o espetáculo nos uniu. Nós éramos oito pessoas realizando esses espetáculos, atuando, e a partir disso, de tantas apresentações, de uma convivência praticamente diária e viajando, nós decidimos realmente abrir uma empresa e produzir, além desse espetáculo, outros espetáculos também.

E hoje, nós estamos em três sócios, onde cada um realiza uma função, desde a parte administrativa, até a direção artística e as pesquisas corporais para as peças.

 

4. Como são os preparos e ensaios para as peças?

Henrique: Cada espetáculo, cada montagem de uma peça, ela exige um preparo diferente, mas basicamente nós trabalhamos primeiro com um levantamento do que precisa, do que a gente quer falar, de qual é a história, e aí a gente vai para escrever essa história, fazer o roteiro primeiro, pensando em improvisações, pensando em ideias que possam surgir e daí escrevendo uma história, ou pegando um texto pronto. Então, a gente começa a mobilizar também toda a parte de produção, o figurino, a maquiagem, o cenário, a direção, a sonoplastia e depois, mais próximo quando já está pronto, a parte de iluminação também. Enquanto a gente faz essa parte de produção, tem a parte dos ensaios, a gente ensaia praticamente quase todos os dias, senão todos os dias, pelo menos umas três vezes na semana, durante três ou quatro horas, fazendo a preparação física, preparação vocal e ensaiando bastante as cenas.

E aí, acontece o momento que gente coloca o espetáculo em cartaz, procura um espaço, que aceite aquela apresentação. Buscar os parceiros, ou fazer a locação do equipamento de som, de luz, gravar a sonoplastia, e a procura do que vai ficar mais apropriado para a maquiagem e figurino.

Então, é um trabalho que no mínimo três, quatro meses para ter um espetáculo pronto e bem feito.

 

5. Como você se sente liderando o grupo teatral de Rio Negro? Já que esse é um momento histórico para o âmbito cultural da cidade?

Henrique: Eu já tinha esse desejo de realizar algo na área da cultura. Eu venho de outra cidade para cá, com esse desejo de realmente disseminar, de semear esse conhecimento e esse encanto que o teatro e a cultura, como um todo, proporcionam.

Eu percebia que a gente tinha algumas manifestações na área de teatro, algumas atividades, mas, eram muito tímidas. Então esse ano, um dos propósitos que eu já tinha colocado alguns anos atrás, era realmente implantar alguma atividade para trazer isso para nossa população. Eu faço parte do Comitê de Políticas Culturais de Rio Negro, e aí surgiu a ideia de desenvolver atividades ocupando os espaços públicos, como o Centro Cultural, o Cine Teatro, enfim, todos os espaços que a gente tem disponível na cidade, eles poderiam de alguma forma serem reativados e utilizados em benefício da população, por isso nós trouxemos essa proposta do teatro, tanto para crianças, como para um grupo de adolescentes e adultos, e eu espero que essa sementinha que a gente está plantando, ela possa se desenvolver e revelar ótimos talentos, atrizes, atores ou até mesmo pessoas que estão nos bastidores, mas realizando também essa parte da valorização cultural.

Eu faço isso de forma voluntária, e para mim é uma enorme satisfação, e foi uma grande surpresa ter a adesão de tantas pessoas, temos um grupo já com 20 e poucas pessoas, acho que estamos nos aproximando de 30 pessoas, e para uma cidade que não tinha essa atividade, eu até estava com um pouco de receio, mas fiquei muito surpreso e muito feliz de poder receber esse grupo.

 

6. Como estão sendo as reuniões do grupo?

Henrique: O grupo tem encontros todas as segundas-feiras, as crianças estão indo das 18:30 às 19:30, onde a gente trabalha um aspecto um pouco mais lúdico, com jogos teatrais, com atividades que despertem, primeiro esse interesse pela arte, que elas conheçam um pouco também das regras do teatro, porque querendo ou não a gente também tem algumas regras, no sentido de fazer com que elas entendam como se posicionar, como falar, como criar uma história, como utilizar aquela criatividade toda, que já é natural da criança, mas, de uma maneira um pouco mais direcionada, mais focada.

Já o grupo dos adultos, acontece a partir das 19:30 até às 21:00 horas. Nós trabalhamos tanto a parte de conhecimento, das técnicas vocais, técnicas de corpo. A gente conhece um pouquinho em relação aos nossos limites, a nossa prática física mesmo, e a gente trabalha também um pouco de improvisação. Como o grupo ainda está no começo, ainda estou conhecendo um pouquinho o perfil de cada pessoa, futuramente o objetivo é apresentar, montar uma peça, ou duas, depende da disponibilidade do grupo, para que a gente possa ter um grupo de teatro de repertório. Então fica aí o convite para todo mundo que quer participar desse grupo.

 

7. O que você tem a dizer para nossos leitores sobre esta área tão maravilhosa?

Henrique: As nossas crianças precisam aprender a valorizar e ter contato com o teatro, para se tornarem seres humanos mais completos e mais sensíveis. Então, a minha mensagem nesse momento, é que os pais proporcionem e coloquem os filhos para se desenvolverem em qualquer habilidade artística, seja na música, seja dança, seja teatro, seja pintura, desenho, qualquer habilidade artística vai tornar essa criança num adulto muito melhor, que vai poder compreender e se comunicar melhor com as outras pessoas.

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