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Ambiente e sociedade humana: realidades e possibilidades!

Ambiente e sociedade humana: realidades e possibilidades!

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Quando pensamos, analisamos, interpretamos ou escrevemos sobre as relações da sociedade humana entre si e com os bens naturais (solos, água, ar, fauna e flora, principalmente) torna-se importante, senão necessário, considerar o tempo desde a constituição do universo de aproximadamente 13 bilhões de anos, bem como, o tempo da formação geológica da Terra de 4,5 bilhões de anos! Portanto, isso permite inferir que já ocorreram inúmeras transformações naturais na Terra ao longo do seu tempo. Por outro lado, a sociedade humana é extremamente recente perante o longo tempo da Terra.

No entanto, é importante considerar que os problemas ambientais atuais são advindos majoritariamente das intervenções humanas de um curto tempo histórico, social e principalmente econômico da sociedade humana. O crescimento populacional (atualmente a população mundial é de aproximadamente 7,8 bilhões de pessoas) pode ser uma variável que converge para as possíveis crises ambientais atuais, mas, um fator relevante para as crises é o modelo econômico de desenvolvimento optado pela sociedade humana que gera os maiores impactos ambientais no Planeta.

Um dos primeiros psicólogos a valorizar a relação do homem com o ambiente foi Kurt Lewin em 1935. Este psicólogo alemão, considerado pai da Psicologia Social e inspirador da Psicologia Ambiental, tinha como objetivo compreender a influência que o ambiente exercia sobre as pessoas, as relações que se estabeleciam, e como as pessoas agiam, reagiam e se organizavam com o meio em que estavam inseridas. Kurt Lewin teve sua formação pautada em diversas experiências, servindo ao exército alemão na Primeira Guerra Mundial (1914 - 1918), trabalhando posteriormente em institutos de Psicologia, juntamente com os fundadores da psicologia gestaltáltica, ao estabelecimento de centro de pesquisa para estudo das dinâmicas de grupos. Corroborou com a ciência por ter aprofundado seus estudos na correlação do sujeito com o meio ambiente, trazendo contribuições para a criação da teoria de campo, dinâmicas de grupo, psicologia organizacional, teoria da mudança e ecologia social (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 1999).

Ainda nos dias atuais, as dinâmicas relacionais estabelecidas entre o homem e meio, geram dúvidas, como, por exemplo: é o meio ambiente que influencia no comportamento humano, ou é o comportamento humano que interfere no meio ambiente? Ao analisar esta relação, pode-se pensar na perspectiva do tempo em que o ambiente físico já existia! Permite imaginar, também, que o ambiente determina o comportamento humano. Porém, de maneira geral, pode-se afirmar que é o homem que interfere sobremaneira no ambiente. Afinal, a sociedade humana sofre com as consequências de suas próprias ações, como o mau uso dos bens naturais, a banalização do consumo de bens materiais, os prejuízos e a indiferença com os patrimônios naturais e culturais. A busca das causas destes resultados permite a reflexão de que a reposta da pergunta inicial não altera os fatores, aceitando que existe uma influência mútua dos dois fatores (homem e meio ambiente) tendo consequências visíveis nestes. A Psicologia Ambiental é uma área emergente e pode ou deve ser pensada, discutida e/ou analisada como a relação entre o indivíduo e o meio ambiente e direciona estudos voltados como os fenômenos influenciam o comportamento humano. Pinheiro (1997) propõem a reflexão no sentido que as chamadas questões ambientais são na verdade humano-ambientais, sendo uma questão não uma crise ambiental, mas uma crise das pessoas nos ambientes. Por outro lado, outros autores afirmam que vivemos acima de tudo uma crise civilizatória ou societária. Isto é, crise que envolvem aspectos econômicos, sociais, políticos, ambientais, dentre outros. Portanto, as referidas crises são complexas e extensas. Assim, pensar, reconhecer as atuais condições humanas é condição sine qua non. A partir disso, pensar e assumir tais características é dever da sociedade humana, inclusive, pensar em perspectivas na construção de novas e melhores relações da sociedade humana consigo mesmo e com os bens naturais. Tarefa árdua, longa e complexa, mas, urgente, necessário senão, indispensável. Por isso, dentre as frentes para superação das atuais condições humanas é a necessidade da mesma tomar pra si e compreender profundamente os seus dilemas e problemas. Ou então, reconhecer que de tais situações são inerentes ou geradas pelas próprias ações humanas. Se a sociedade humana gerou tais crises, acredita-se que a mesma tem a capacidade de reconhece-las e por que não pensar e buscar ações de superação? Desafios atuais, urgentes e necessários!

 

Bibliografia

BOCK, Ana B.; FURTADO; Odair; TEXEIRA, M. de L. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13. ed. reform. e ampl. São Paulo: Saraiva, 1999.

PINHEIRO, José Q. Psicologia Ambiental: a busca de um ambiente melhor. Estudos de Psicologia, v. 2, n. 2, 1997, p. 377-398.

 

Autores

Jaquelini Conceição – Psicóloga, Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UNC).

Jairo Marchesan – Geógrafo, Docente do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UNC).

Daniela Pedrassani – Médica Veterinária, Docente do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UNC).

 

 

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