Português (Brasil)

Ataque contra Cristina Kirchner: o que se sabe e o que falta esclarecer

Ataque contra Cristina Kirchner: o que se sabe e o que falta esclarecer

Data de Publicação: 2 de setembro de 2022 09:55:00 Fernando André Sabag Montiel, brasileiro que vive em Buenos Aires, apontou pistola para o rosto da vice-presidente, mas arma não disparou.

Compartilhe este conteúdo:

Cristina Kirchner, vice-presidente da Argentina, foi vítima de um ataque a tiro na noite desta quinta-feira (1º), em Buenos Aires. O atirador, um brasileiro de 35 anos, apontou uma pistola para o rosto de Kirchner, mas arma não disparou. Alberto Fernández, presidente do país, classificou o ataque como "o mais grave desde 1983, quando o país voltou a ser uma democracia". Ele também declarou feriado nacional nesta sexta-feira (2)Abaixo, leia perguntas e respostas com o que se sabe e o que falta esclarecer sobre o caso.

Quem é Cristina Kirchner?

Atual vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner tem 69 anos e já governou o país por dois mandatos — em 2007, quando sucedeu seu falecido marido, Néstor Kirchner (morto em 2010), e em 2013, quando foi reeleita. A administração dos Kirchner, a chamada "era K", começou em 2003, no desfecho de uma severa crise econômica, e durou 12 anos. Durante seu primeiro mandato, Cristina tinha Néstor como seu principal aliado e conselheiro. O ex-presidente morreu em outubro de 2010 vítima de um ataque cardíaco. Apesar das insistentes recomendações médicas para que reduzisse o nível de tensão após duas intervenções coronárias. Néstor e Cristina, que militaram juntos na ala juvenil do peronismo dos anos 1970 e se casaram em 1975.

Kirchner está sendo julgada por corrupção ligada a contratos públicos concedidos no início dos anos 2000. Os promotores acusam a vice-presidente de participar de um esquema para desviar dinheiro público quando ocupava a presidência do país. Segundo a promotoria, empresários que participavam do esquema faziam contratos com o Estado e repassava uma parte das verbas a então presidente. Ela, que nega as acusações, pode enfrentar uma sentença de 12 anos de prisão e possível desqualificação para cargos públicos se for condenada.

Quem é o atirador?

Fernando Sabag Montiel, de 35 anos, nasceu em 13 de janeiro de 1987, reside no bairro de La Paternal, em Buenos Aires, e tem permissão para trabalhar como motorista de aplicativo na Argentina. O documento do brasileiro obtido pela Polícia Federal mostra que ele nasceu em São Paulo, mas que não é filho de brasileiros e que vive desde o começo da década de 1990 no país vizinho. Segundo o blog da Andréia Sadi, as primeiras informações do Itamaraty são de que o atirador seria de São Paulo, filho de mãe argentina e pai chileno, que teria sido expulso do Brasil em 2021.

Montiel tem antecedentes por porte de arma ilegal não-convencional. Em 17 de março de 2021, ele alegou "segurança pessoal" ao ser flagrado com um facão de 35 cm. De acordo com o site "Infobae", vizinhos definiram Montiel inconstante, propenso a dizer "tolices" e que tem o hábito de esperar músicos famosos em hotéis.

Onde aconteceu o ataque?

O atentado aconteceu quando Kirchner acenava para apoiadores na frente de sua casa, no bairro da Recoleta, em Buenos Aires. A vice-presidente conta com uma equipe de segurança de 100 policiais federais.

Como aconteceu o ataque?

As imagens mostram que Montiel aparece de gorro preto entre as pessoas que aguardavam a chegada de Kirchner em frente à sua casa. O brasileiro estica o braço esquerdo e aponta a pistola na altura da cabeça da vice-presidente. Também é possível ouvir o gatilho antes do disparo. Kirchner, ao ver a arma, chega a se abaixar. Ela continuou a assinar livros, a tirar fotos e a cumprimentar as pessoas após o ataque, como se nada tivesse acontecido.

O que aconteceu após o ataque?

Fernández, o presidente da Argentina, declarou feriado nacional nesta sexta-feira (2). "Estamos diante de um fato com uma gravidade institucional e humana extrema. Atentaram contra a nossa vice-presidente e a paz social foi alterada", afirmou o presidente, acrescentando que "este atentado merece o mais enérgico repúdio de toda a sociedade argentina e de todos os setores políticos". Juan Manzur, o chefe de gabinete da Casa Rosada, a sede da presidência da Argentina, convocou uma reunião de ministros para esta sexta-feira (2). Segundo informaram fontes da Chefia de Gabinete ao site "Infobae", a reunião será realizada a partir das 8h30 no horário de Brasília. "Hoje mais do que nunca temos a obrigação e a responsabilidade de defender a democracia, o diálogo, o consenso e a paz social", declarou Manzur em uma rede social logo após o ataque.

Fonte: G1 / Foto: Agustin Marcarian/Reuters

Compartilhe este conteúdo: