Português (Brasil)

Da academia ao comando: a jornada de um oficial da Polícia Militar

Da academia ao comando: a jornada de um oficial da Polícia Militar

Data de Publicação: 26 de junho de 2024 10:04:00 Nesta entrevista, conheça os 39 anos de carreira e histórias de Dirceu Neundorf, Coronel da Reserva Remunerada da Polícia Militar, além de saber mais sobre as mudanças na PM ao longo dos anos.

Compartilhe este conteúdo:

1. Pode nos contar um pouco sobre os seus anos sendo PM?

Sou nascido em Mafra, e com 19 anos iniciei minha carreira na academia da Polícia Militar na cidade de Florianópolis. Três anos em regime de internato foi o tempo que tive para me formar como oficial da polícia, e após a formação trabalhei em várias áreas dentro da corporação e também em várias cidades catarinense, chegando ao posto máximo que é o de coronel.

Após conquistar o último posto, comandei a 9ª região de Polícia Militar em São Miguel do Oeste por 2 anos, uma região com 35 municípios e que faz divisa com a Argentina.

No dia 05 de dezembro de 2017, assumi a importante, e difícil missão de comandar a 5ª região de Polícia Militar, com sede na cidade de Joinville, composta por 3 batalhões e o esquadrão de polícia montada, com 8 municípios.

Durante meu tempo de comando, tive várias conquistas, como a renovação de frotas de viaturas, aquisições de armamentos e equipamentos, obras de revitalização, entre outras ações.

Foram 39 anos de efetivo serviço prestado à Polícia Militar de Santa Catarina, e no dia 4 de maio de 2022 ingressei na reserva remunerada, em Joinville.

 

2. O que o motivou a seguir a carreira de policial militar?

Foi a realização de um sonho de infância. Em meados dos anos 80, chegou aqui em Mafra os alunos oficiais da academia da Polícia Militar de SC. Fiquei impressionado com a marcialidade, postura e o fardamento desses alunos, e desde aquele momento decidi optar pela carreira militar. Tive um grande incentivo do meu cunhado que na época era sargento do Corpo de Bombeiros aqui em Mafra, o Sargento Camargo.

 

3. Existe algum caso ou ocorrência que você nunca esqueceu?

Muitos foram os desafios enfrentados e superados ao longo da minha carreira. Um deles foi uma ocorrência de rebelião dentro do presídio de Joinville, onde tinha 350 presos rebelados e 12 reféns. Nós invadimos cortando as grades e ingressamos dentro do presídio para o resgate dos reféns.

Outra ocorrência foi uma invasão de sem terras, onde fomos emboscados por aproximadamente 100 sem terras, onde eles nos jogaram lanças, vieram pra cima de nós com facões, e nós conseguimos sair da invasão e prendê-los.

Teve uma em que eu entrei em uma residência onde o cidadão estava com uma refém e ele atirou em mim, mas como eu estava de colete, graças à Deus, não aconteceu nada.

 

4. Que tipo de treinamento ou preparação você acha essencial para os policiais militares atualmente?

Entre vários treinamentos que fiz durante minha carreira, o curso de táticas policiais militares é um dos cursos mais importantes para os agentes, pois além de ser avaliado constantemente o aspecto físico, técnico e psicológico durante a formação, os alunos são capacitados para atuar em diversas missões, como por exemplo, em sequestros com tomada de refém, assalto a banco, carro forte, etc.

O treinamento incluiu também aulas teóricas e práticas de gerenciamento de crises, negociação com reféns, ações táticas especiais, ações antibombas, segurança de dignitários, operações químicas, patrulha rural, operações ribeirinhas, e diversas outras instruções.

O objetivo desse curso é tornar o policial militar um profissional capacitado para atuar em diversas missões de alta risco e alta complexidade.

 

5. Quais mudanças você considera mais significativas na forma como a polícia militar atua hoje em comparação ao passado?

Atualmente o policial militar usa uma câmera de monitoramento acoplada ao colete da farda, que é interligada ao sistema de monitoramento da COPOM, onde essa câmera é acionada no momento da ocorrência, deixando toda a ação gravada, para ajudar o agente no momento das investigações.

Outra inovação é que o policial militar faz o boletim de ocorrência através de um tablet ou celular no momento da ocorrência, e se necessário lavra o termo circunstanciado, já marcando a data da audiência com o juizado especial. O monitoramento através de drone nas localidades de difícil acesso, ou nas áreas rurais, também é uma tecnologia que facilitou muito o trabalho.

 

6. Como foi a transição da vida ativa para a aposentadoria?

Com bastante tranquilidade, pois era de meu conhecimento que no dia 4 de maio de 2022 eu iria passar a liderança do 5º Comando Regional de Joinville, pois galguei todos os postos do oficialato da polícia militar, ficando em serviço ativo por 39 anos.

Ao ingressar na reserva remunerada, já tinha planos de retornar para Mafra e construir uma residência, onde meus pais me deixaram um terreno.

 

7. Qual foi a lição mais importante que você aprendeu durante sua carreira?

A lição mais valiosa que aprendi como profissional da área de segurança pública é que devemos ser disciplinados, pois a disciplina proporciona às pessoas responsabilidade e o respeito ao próximo.

 

8. Que conselho você daria para os jovens que estão entrando agora na polícia militar?

Ser policial militar vai muito além da vocação para a segurança pública e do desejo de servir à comunidade, é uma decisão que reflete um compromisso com a estabilidade profissional e com um campo de trabalho em constante evolução.

O policial militar desempenha um papel crucial na manutenção da ordem e segurança pública em uma comunidade, tendo como sua principal função a proteção da população, garantindo a aplicação das leis e prevenindo crimes.

Compartilhe este conteúdo: