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Mudanças ambientais e aumento de doenças de transmissão vetorial

Mudanças ambientais e aumento de doenças de transmissão vetorial

ARTIGO: Vivemos num tempo em que estão ocorrendo graves mudanças ambientais, cuja magnitude e intensidade não tem precedentes na história da humanidade, nem na história do nosso planeta

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Mudança ambiental pode ser definida como qualquer alteração que ocorra no ambiente e interfira nas propriedades químicas, físicas ou biológicas. Essas alterações podem ser de origem natural, tais como, vulcões, tsunamis, vendavais, dentre outros. No entanto, a maioria delas é decorrente da ação humana sobre o ambiente, dentre as quais, pode-se citar os desmatamentos, as poluições e a superexploração dos bens naturais.

Essas mudanças ambientais trazem consequências que atingem a saúde e o bem-estar da população humana e demais formas de vida, seja de maneira direta, como em casos de alagamentos, furacões ou ondas de calor, ou de maneira indireta, quando alteram o ecossistema e sua diversidade. Além disso, algumas doenças infecciosas estão comumente relacionadas às mudanças ambientais, dentre essas, principalmente aquelas transmitidas por vetores (insetos e/ou carrapatos).

Esses vetores vivem no interior de matas, mas com o desmatamento seu habitat natural é destruído e/ou invadido. Então, faz-se necessário a busca por outros ambientes para seu abrigo e sua alimentação. Assim, as áreas urbanas passam a ser suas moradias facultativas. Com isso, tem-se o principal problema, pois ao migrarem para outros ambientes trazem consigo patógenos, como os vírus, os protozoários e as bactérias. Ao se alimentarem, no ser humano, transmitem esses patógenos, levando a ocorrência de surtos de doenças. O aquecimento global favorece o ciclo de vida desses vetores, que com o aumento da temperatura se alimentam e se reproduzem em maior quantidade e mais rapidamente. 

Apesar da diversidade de fatores que contribuem para o aparecimento de doenças transmitidas por vetores, o desmatamento e as alterações climáticas são considerados relevantes para o aparecimento de tais doenças. Mas é importante ressaltar que fatores sociais, como saneamento básico, condições de habitação, higiene, entre outras vulnerabilidades, também exercem forte influência em relação a ocorrência dessas doenças.

As doenças transmitidas por vetores tem sido um dos grandes motivos de preocupação dos órgãos de saúde, uma vez que essas se caracterizam como uma importante causa de internamentos e mortes, não apenas no Brasil, mas também no mundo. 

A dengue é uma das principais doenças vetoriais, mas a doença que continua sendo um dos maiores desafios da saúde pública é a malária, principalmente em áreas de clima tropical, em que os sistemas de saúde enfrentam condições precárias. Outras doenças como febre amarela, febre maculosa, doença de Lyme, leishmaniose e doença de Chagas, também merecem destaque, pois tem importância sanitária em diversos países. Essas doenças requerem um tratamento adequado que, muitas vezes, também é longo. No entanto, a demora no diagnóstico e no início do tratamento leva a quadros graves em que o indivíduo pode ir a óbito.

Não é possível, em curto prazo, reverter estas mudanças ambientais. E, as intervenções que possam diminuir os impactos causados por essas mudanças, podem levar décadas para produzir algum efeito positivo. Assim, a responsabilidade, no controle dessas doenças, recai sobre o sistema de saúde.

Portanto, é imprescindível que se desenvolvam novos tratamentos mais eficazes, vacinas para as doenças que são de difícil controle, bem como kits diagnósticos. 

Porém, esse controle não exige apenas atividades nos sistemas de saúde, mas também nos locais de moradia e trabalho da população, na educação, assim como também necessita de profissionais capacitados. 

Segundo Leonardo Boff (2011, p. 1)1

Dada a crise generalizada que vivemos atualmente, toda e qualquer educação deve incluir o cuidado para com tudo o que existe e vive. Sem o cuidado, não garantiremos uma sustentabilidade que permita o planeta manter sua vitalidade, os ecossistemas, seu equilíbrio e a nossa civilização, seu futuro. Somos educados para o pensamento crítico e criativo, visando uma profissão e um bom nível de vida, mas nos olvidamos de educar para a responsabilidade e o cuidado para com o futuro comum da Terra e da Humanidade. Uma educação que não incluir o cuidado se mostra alienada e até irresponsável.

Percebe-se que há a necessidade de uma harmonização entre políticas sociais e econômicas para, em conjunto com a população, alcançar o controle efetivo das doenças de transmissão vetorial e, assim, manter a saúde pública.

Além disso, cresce a necessidade de a sociedade humana estabelecer novas relações com o ambiente, dentre elas, considerar que a natureza se constituiu em um longo tempo geológico e que a mesma, é finita!

Daniele de Cássia Karvat – Mestranda no Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UnC). E-mail: daniele.karvat@gmail.com

Daniela Pedrassani – Docente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UnC). Email: daniela@unc.br

Jairo Marchesan – Docente do Programa de Mestrado em Desenvolvimento Regional da Universidade do Contestado (UnC). Email: jairo@unc.br

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