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Músico mafrense é inspiração no Dia Nacional do Cego

Músico mafrense é inspiração no Dia Nacional do Cego

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Por Carla Taíssa

Desde cedo a música fez com que o mafrense Alan Matheus de Paula Martins enxergasse o mundo com outros olhos. O jovem de 19 anos é cego de nascença, mas virou exemplo de superação por seu talento artístico. Mas, na semana em que acontece o Dia Nacional do Cego, nesta sexta-feira (13), ele lembra que ainda há muito o que se conquistar.

E Alan lembra que desde a infância no ambiente escolar teve que aprender de forma alternativa. “Não tinha muita aceitação, seja das pessoas ao redor, quanto dos outros alunos. Não cheguei a sofrer bullying, mas as pessoas não estavam preparadas na cidade. Outro problema eram os livros didáticos em braile que demoravam muito para chegar. A gente fazia o pedido em fevereiro, no início das aulas, e eles vinham só em novembro, então já não era mais válido.”

E não é só o ambiente escolar que foi um desafio. “A acessibilidade já mudou muito, tem mais piso tátil, por exemplo, mas ainda há muito o que melhorar. “Tenho o Cirineu, que me ajuda e me acompanha, então fica melhor para me locomover pela cidade e para pegar transporte público, por exemplo” explica. Mas segundo o jovem a maior dificuldade são as pessoas. “Muitas não entendem o uso da bengala, ficam na frente, ou não respeitam” conta.

Além disso, ele destaca a demora para adaptação de muitas tecnologias do dia a dia, como WhatsApp e Facebook. “Eu só fui ter redes sociais em 2016, e a hashtag pra cego ver foi uma coisa criada há pouco tempo. Mesmo assim, nem todas as publicações eu consigo ver, fotos com texto, por exemplo, o aplicativo não consegue falar para mim o que tem na foto. É algo que já avançou, mas precisa melhorar. Mas eu já vejo mais aceitação.”

Porém, o músico conta com a ajuda da Amadev (Associação dos Deficientes Visuais de Mafra). Ele conta com auxílio na mobilidade, com voluntários que ajudam os cegos na locomoção, como Cirineu que acompanha o Alan. Além disso, ele tem a oportunidade de fazer esportes. “Já fui para jogos na modalidade de ciclismo, assim como melhorou na socialização, conhecer outros cegos e novas pessoas”.

Além disso ele lembra que ainda há a questão dos direitos legais para deficientes. “Regredimos um pouco esse ano nesse sentido, com as mudanças de governo podemos perder muitas coisas que conquistamos, então vejo que precisamos lutar para reverter isso e conquistar mais coisas”. Por isso o jovem frisa a importância da data.

“É Importante para a sociedade ver que tem muito mais cegos do que eles imaginam. E que somos capazes. Podemos fazer tudo, só que da nossa própria maneira e em nosso tempo. Também se conscientizar que o cego está na rua e não ter dó. Ajudar sim, mas não ter dó e saber que é uma pessoa como qualquer outra, então ter aceitação e respeito”.

E para o futuro Alan espera cada vez mais conquistas, inclusive em sua vida na música. Ele já teve banda e atualmente está em carreira solo e compondo músicas para um CD que pretende gravar ano que vem. Assim como, expandir seu canal no Youtube (Alan Samon). “Esse ano fiz seis cidades novas, ano passado fiz uma parceria com o pessoal do Moto Clube que nos levou para viajar, e ano que vem tenho mais algumas cidades em vista” comemora.

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