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Dia do Fotógrafo: entrevista com Joni Lindner

Dia do Fotógrafo: entrevista com Joni Lindner

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Por Carla Taíssa

“Isso é a coisa mais fantástica que a fotografia permite: você expressar o que pensa através de uma foto.” Essa é a definição do fotógrafo Joni Lindner, que possui um estúdio em Mafra, e há dez anos segue a tradição de sua família na arte.

E nesta quarta-feira (08), a família Lindner tem uma data especial para comemorar, o “Dia do Fotógrafo”, escolhida por ser considerada a data que a primeira câmera fotográfica, chamada de Daguerreótipo, chegou ao país, em 1840. Foi inventada por Louis Jacques Mandé Daguérre e apresentada ao mundo em 19 de agosto de 1839, na Academia de Ciências da França, em Paris.

De acordo com a história, foi o abade Louis Compte que trouxe a invenção de Daguérre para o Brasil e apresentou ao Imperador D. Pedro II, que, aliás, ficou com o título de primeiro fotógrafo brasileiro. Confira, então, a entrevista completa:

1 – Como começou sua carreira de fotógrafo? Por que escolheu a fotografia como profissão?

Jonny – Agora já vão completar dez anos que estou fotografando profissionalmente. Mas fotografia é algo que já vem há mais tempo na minha vida, até pela tradição da família. Meu avô foi fotógrafo, meu pai trabalhou em laboratório de revelação e eu continuei com a parte de fotos. Eu sempre gostei desse universo, admirava as fotos antigas do meu avô. E eu era muito tímido quando mais novo, então a fotografia foi excelente para quebrar essa timidez, afinal para trabalhar no ramo a primeira coisa é estar em contato com pessoas. E me ajudou muito nisso. Então resolvi seguir, já tinha uma estrutura pronta para trabalhar o que facilitou.

2- Qual foi o trabalho mais marcante que você já fez nestes dez anos?

O mais especial foi fotografar as bodas de um casal que tinha completado 60 anos de casados. É uma família de Itaiópolis, agora já faleceram infelizmente, mas eu os fotografei logo no início da minha carreira e foi um momento que me marcou muito. Completar 60 anos de casados é muito bonito e eles eram um casal formidável. Esse foi o que mais me impactou.

3 – Qual o tipo de foto você mais gosta de fazer? (Pessoas, natureza, fotojornalismo...)

Gosto muito o fotojornalismo, quando comecei eu sempre admirava muito os repórteres de guerra, até hoje gosto. Admiro quem faz natureza também, acho um trabalho muito bacana e precisa muito tempo e dedicação. Mas eu sempre gostei mesmo do social. Aí engloba fotografar pessoas, eventos, essa dinâmica, e eu adoro esse dinamismo.

4 – E na sua carreira, tem alguma coisa que você ainda não alcançou, mas está nos seus planos realizar?

Tem. Quero partir para a fotografia autoral. Eu tenho dois projetos que eu quero fazer. Um tema envolve antigas construções arquitetônicas da região, gosto muito de arquitetura, sempre fui apaixonado. E outro é fotografar natureza. Envolve nascer e por do sol, esses instantes iniciais e finais do dia. É um projeto que eu pretendo fazer ano que vem.

5 – Dentro da fotografia social, que é seu nicho, tem alguma pessoa que você sonha fotografar?

O fotógrafo Everton Rosa, se tivesse a oportunidade. Ele teve muito sucesso e já trabalhou com celebridades, mas veio das antigas e se renovou. E eu gostaria de fotografá-lo justamente porque ele muda muito o estilo, talvez por isso se mantenha há tanto tempo no mercado. Todo ano ele cria um novo conceito, temática e inclusive um novo visual de si mesmo. Então seria muito bacana fotografar outro profissional da área, com a minha visão de como eu acho que ele queria ser visto.

Aliás, isso é muito bacana, pensar como o profissional da foto é visto. Fiz um curso ano passado e a primeira aula era justamente fazer uma foto própria, selfie, daquilo que a gente imagina que as pessoas nos enxergam. E é muito difícil. Pensar em como as pessoas te enxergam e traduzir isso na foto. Mas foi bacana, teve fotos até mesmo metafóricas. E ao expor para os professores, eles conseguiam definir nas imagens a personalidade de cada um. Isso que me assustou. A fotografia tem disso, mesmo que você retrate outra pessoa na foto acabam aparecendo muito os seus conceitos em relação ao que se está fotografando. Você mostra sua forma de pensar, sua intimidade para quem está “lendo” a foto.

6 – Você já citou o Everton Rosa, mas além dele, qual outro fotógrafo te inspira?

Um que eu acho muito bacana é o Claudio Feijó, profissional das antigas que tem muita técnica, mas muito autoral. Também o Emerson Miranda, que trabalha com casamento. Isso aqui no Brasil. Já internacional, eu acho incrível o espanhol Victor Lax, tem sua própria teoria e adapta os casais ao ambiente fotografado, eu acho muito bacana porque ele consegue um efeito surreal, chega a ser lúdico. Também, o mexicano Fer Juaristi, segue essa linha de adaptar o meio e as estruturas aos casais, mas usando outra temática, o minimalismo, as formas.

7 – Se você tivesse a chance de realizar seu trabalho autoral e você pudesse escolher qualquer lugar para expor, qual seria o local dos sonhos para expor suas fotos?

Nacional eu acho muito bacana o MASP, em São Paulo, uma galeria moderna que traria uma visibilidade única. Em Curitiba, No Museu do Olho MOM. Já internacionalmente Nova Iorque seria um cartão de visitas dos sonhos, lá tem galerias que trabalham só com fotos autorais e nessa pegada mais moderna, se tivesse a chance, seria incrível.

8 – E qual recado você deixaria para quem admira fotografia ou quer seguir essa carreira?

A fotografia, para quem quer seguir, é uma baita profissão. Você tem um campo de criatividade muito grande e espaço para mostrar sua arte. Não existe foto feia, tudo é válido, basta encontrar sua linha. Claro, como outras artes, precisa técnicas e você deve dominá-las, com o digital cada vez vêm mais coisas novas surgem e mudam tudo, então tem que se reciclar constantemente. Mas é uma mistura bonita entre modernidade e a tradição mais singela do conceito de fazer uma foto, que está aí há anos.

 

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