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Médico faz relato emocionante após vencer Covid-19

Médico faz relato emocionante após vencer Covid-19

Data de Publicação: 3 de julho de 2020 16:32:00 Wesley Salte, que é médico há dois anos no HSVP de Mafra, passou vinte sete dias internado por coronavírus

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Por: Aline Cardoso

A todo momento estamos sendo bombardeados por notícias sobre o coronavírus. As pessoas que estão na linha de frente a este combate correm os maiores riscos para o contágio da doença. O que aconteceu com o médico do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), Wesley Gonçalo de Campos Salte, de 30 anos de idade, foi um grande susto. Ele foi contaminado pela Covid-19, e acabou ficando em estado grave indo para Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Por isso a entrevista desta edição é com ele, que vai contar como foi passar por tudo isso.

Wesley Salte

Os sintomas do coronavírus podem se manifestar em cada pessoa de formas diferentes e em alguns casos nem apresentar sintomas. Por ser médico e atender várias pessoas por dia, Dr. Wesley, diz que fica difícil saber de quem pegou o vírus “No meu caso os primeiros sintomas foram sinusite e conjuntivite, tinha a mania de coçar bastante os olhos, o que leva a pensar que peguei através deles”, contou. Ele ainda disse que os sintomas apareceram de repente e quando recebeu o resultado positivo estava em tratamento domiciliar. Quando percebeu que a falta de ar e a febre pioraram, procurou o hospital.

“Fiquei internado quatro dias na enfermaria, ficando em estado grave e indo para UTI. Durante esse tempo, na enfermaria, tentei ser otimista e acreditar que tudo daria certo, acreditava que na hora certa, eu reagiria ao tratamento e ficaria bom” relatou.

Por ter febre alta, ele diz não lembrar de muita coisa, mas recordou que ao saber que seria intubado, pediu que o trouxessem de volta. “Depois disso não lembro de mais nada, apenas de estar num lugar escuro e sem ninguém”, falou. De acordo com ele, nos seus primeiros dias após a intubação, seu pulmão e respiração não melhoraram, o que preocupou a todos que estavam cuidando dele. “Após melhora da parte pulmonar tive complicações nos rins e infecções, no fim foram dez dias intubado e quatorze dias de internação na UTI”.

O receio de pegar e transmitir a doença atormenta a todos, e não deixa de passar pela cabeça dos médicos e pessoas que estão trabalhando diretamente com o problema. Wesley, comenta que sempre foi muito cuidadoso, mas que sentiu medo e insegurança “O Brasil é o país com a maior taxa de contaminação de profissionais de saúde do mundo. Muitas vezes somos expostos a diferentes pacientes infectados, o que aumenta a chance de podermos pegar. Acredito que o agora o medo aumentou para os meus colegas que ao me verem num dia no plantão normal e no outro intubado na UTI”.

O médico nasceu em Mato Grosso e foi criado pela sua avó Luzia Salte, toda sua família mora e é de lá. Ele comenta que passar por tudo isso sem eles não foi nada fácil. “O sofrimento foi terrível principalmente para minha avó, sem muitas notícias minhas, apenas as que os amigos daqui repassavam. Mesmo que viessem não poderiam me ver, então ficaram lá desesperados. Ainda estão, mas assim que eu ficar um pouco mais forte, vou correndo para lá”.

Conhecido pelo seu carisma e por ser muito querido com todos o médico sempre teve ótima relação com seus pacientes e colegas de trabalho, e agora o agito da sua rotina mudou completamente “A mudança da rotina não foi nada fácil, sinto falta de todo mundo e de trabalhar, mas desde o começo me senti aliviado em estar nas mãos dos meus colegas, perto das pessoas que convivem comigo”, confessou. E, ele não deixa de expressar a gratidão que tem por toda a equipe “Todos os profissionais, médicos, enfermeiros, profissionais da copa, da limpeza, fisioterapeutas, fonoaudióloga, todos, de certa forma cuidaram um pouquinho de mim e jamais esquecerei disso. Apesar de todo o sofrimento nos vinte e sete dias de internação, tinha sempre alguém tentando amenizar a dor”, disse.

Agora como paciente ele vai aos poucos se recuperando, foram 10kg perdidos durante sua internação, ele relata que precisará ganhar massa e força muscular e fazer também fisioterapia respiratória para tentar recuperar o pulmão e o seu fôlego. Sua alimentação também ainda não está boa, por conta da garganta que ficou debilitada e sua voz não voltou completamente.

“Uma série de medidas que demoram um certo tempo para voltar ao normal, porém, tenho vontade e fé que logo tudo se reestabelecerá” expressou o médico.

Já em casa, tomando todos os cuidados e ainda em tratamento para se recuperar totalmente ele mostra todo seu sentimento em vencer a doença “Sinto, primeiramente gratidão. Gratidão por ter renascido, pela segunda chance que terei para viver e por ter mais tempo com quem amo. Houve uma imensa renovação de fé e esperança, não só minha, como de todos aqueles que me amam e me desejam bem, todos que oravam ou torciam por mim.  Estou aqui por vocês”.

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