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Cirurgia bariátrica: entrevista com Amanda Muller

Cirurgia bariátrica: entrevista com Amanda Muller

Data de Publicação: 14 de janeiro de 2021 11:49:00 A jovem Amanda Muller, 21 anos, realizou recentemente a cirurgia de redução de estômago, a conhecida bariátrica. Contou em entrevista tudo como foi, desde o início quando descobriu que por questões de saúde precisaria fazer o tratamento

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A obesidade é um problema de saúde mundial. O tema não envolve somente a questão estética mas sim o impacto causado na saúde de uma pessoa. São vários os fatores pelos quais uma pessoa passa para ganhar peso. Sejam eles, emocionais, culturais e até mesmo genéticos. Uma das soluções mais eficazes para casos mais graves é o tratamento cirúrgico como a chamada bariátrica. Para conversarmos sobre o assunto convidamos Amanda Muller que fez recentemente a cirurgia. Ela tem 21 anos e conta como está sendo a recuperação e qual o verdadeiro motivo pelo qual fez o procedimento. Confira!

Amanda Muller

- Conte um pouco da sua história, como foi até chegar na hipótese de fazer uma cirurgia de redução de estômago?

Eu comecei a ter obesidade com 12 anos e foi decorrente a alimentação mas também pelo uso de anticoncepcional e troca de medicamentos. Até chegar na parte que eu deveria fazer a bariátrica foi quando subiu a minha pressão, era muito alta. Então, foi quando meu pai chegou para mim e perguntou sobre a cirurgia. Não era uma coisa na minha cabeça que eu cogitava fazer. Eu sempre me aceitei do que jeito que eu sou, nunca tive problema com a balança. Mas por conta da pressão alta que eu não estava mais conseguindo controlar com medicamento, marcamos uma consulta com o Dr. Richard, médico aqui de Mafra e ele pediu vários exames. Fiz todos e fui descobrindo várias outras coisas além da minha pressão. Descobri que estava com pré-diabete e um problema no pulmão. Eu já tenho problema respiratório mas pelo meu peso, sedentarismo e tudo mais foi criando um hematoma dentro do meu pulmão. Foi depois de tudo isso que eu falei que iria ter que fazer, e que não era somente pelo estético.    

- Você tinha muita dúvida em fazer, como foi o processo de aceitação do procedimento?

Foi bem tranquilo, eu sabia que era essa saída por conta da minha saúde. Eu já havia tentado vários outros tipos de dieta, até perdia peso mas a minha pressão sempre oscilando. E após essas dietas eu sempre ganhava quase o dobro de peso que eu estava.

- Na escolha do médico, quais foram os quesitos para a escolha?

Eu pesquisei bastante. Pensei em fazer em Curitiba que o valor é mais acessível, mas por conta do Covid eu fiquei com medo. Optamos por ficar aqui que seria mais fácil também, por estar perto de casa.

- Em relação a cirurgia como foi o processo, houve alguma complicação?

A cirurgia foi tranquila mas por conta de eu ter problema respiratório tive muita dificuldade em respirar depois. Precisei de ajuda de aparelho pra poder respirar.

- Muitas mulheres têm a auto estima abalada, por conta de uma sociedade vender um tipo de corpo que eles consideram o ideal, você já passou ou passa por essa fase?

Antes de iniciar todo esse processo da cirurgia eu pensei que eu deveria me aceitar. Falei a mim mesma que começaria a me aceitar, procurar lugares que eu me encaixe. Decidi mostrar para todo mundo que podemos ser o que a gente é, e tem que se aceitar. No meu instagram @maandy_muller eu mostro isso e assim foram surgindo parcerias que me ajudaram muito. Antes de fazer a cirurgia eu estava com 112kg e comecei a fazer fotos para lojas e mostrar que eu tenho estria, rosto cheinho, não tenho o melhor cabelo, que meu rosto tem espinha. Mostrando tudo isso fui incentivando muitas mulheres. 

- E, agora, você ainda está em processo de recuperação, como você está se sentindo fisicamente? Teve alguma dificuldade em se adaptar?

Vemos muito na internet, todo mundo falando que fica bem mas na verdade não é assim. Você não fica bem todo dia, você sente fome, vontade de comer, eu por exemplo quando sai do hospital senti vontade de comer coisas que nunca imaginei que sentiria vontade.  Coisas que acontecem com a nossa mente que não entendemos direito. Com sete dias de cirurgia me pesei, não notei diferença no meu corpo mas havia perdido 8,600kg. Me surpreendi, para mim, que não conseguia perder nada, perder tudo isso em nesse espaço de tempo bem curto. Estou bem feliz, vi que a cirurgia vai me ajudar. A pressão alta estou desde o quinto dia desde que fiz o procedimento sem tomar remédio nenhum e a minha pressão está até mais baixa do que o normal, então estou tendo que me acostumar com isso agora.

- Emocionalmente, como você se sente?

Foi bem complicado. Me questionei bastante no terceiro dia que voltei do hospital, quando minha mãe falou para o pessoal que estava lá em casa para irmos jantar, mas eu ainda não podia. Foi a mesma coisa que falar Amanda você morreu. Chorei muito e me perguntava o porque eu tinha feito a cirurgia. Conversei com meu pais, que são pilares muito importantes na minha vida, e disse que não estava emocionalmente bem e que precisava da ajuda deles. Sempre fui muita aberta com eles. Pedi que não comecem na minha frente, porque era como se fosse uma tortura, e sempre que eles iam se alimentar eu ia fazer alguma outra coisa. Sempre digo que a cirurgia tinha que ser feita na cabeça, a nossa mente é que comanda tudo.

- Gostaria de deixar algum recado aos nossos leitores?

Se alguma coisa te incomoda, não somente pelo estético, faça. Se você tem medo, faça com medo mesmo. Mas, tente se preparar bem antes, consulte um psicólogo, nos melhores profissionais que te deem bastante apoio depois, pois precisa. Não é uma situação fácil, mas consegue passar. É muito importante cuidar no período de recuperação. O pensamento depois da cirurgia é, a sua vida está em suas mãos.

Abaixo na foto da esquerda é Amanda agora no pós cirurgia, ainda em recuperação. Na foto da direta Amanda antes de realizar a cirurgia: 

Confira a entrevista completa: 

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