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Volta as aulas: saiba a opinião de uma professora

Volta as aulas: saiba a opinião de uma professora

Data de Publicação: 19 de fevereiro de 2021 15:53:00

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Por Aline Cardoso

A volta as aulas presenciais em formato híbrido já teve início na maiorias das instiuições escolares e isso tem causado muitas discussões nas últimas semanas. Por isso, convidamos a professora  de educação infantil e séries iniciais do ensino fundamental Franciele Aparecida de Lima Marx Gulka para um conversa sobre o assunto. Na entrevista ela conta sua opinião como mãe e professora. Confira!

Franciele Aparecida de Lima Marx Gulka

- Na sua profissão, como foi passar pela pandemia no ano de 2020, como funcionou tudo?

No ano de 2020 eu estava em dois empregos, trabalhei em uma escola da rede pública de ensino no município de Rio Negro, atuava em uma turma multisseriada 3ºe 4º ano do ensino fundamental, e também estava com uma turma de jardim I no período da tarde em uma instituição de ensino da rede privada. Foi um ano cheio de desafios, tivemos que nos reinventar muitas vezes para que as aulas se tornassem atrativas através das telas. No período da manhã uma das estratégias foi gravar aulas em vídeo e passar as orientações diariamente aos alunos através de grupo de WhatsApp. Já na outra instituição tivemos o privilégio das aulas acontecerem em tempo real no sistema remoto, todos os dias eu aguardava a minha turminha ansiosa, por se tratar de educação infantil nosso tempo era aproveitado ao máximo, a interação e a maneira com que todos se adaptaram foi incrível.

-Você tem filhos? Como foi para eles o ano de 2020 em relação as aulas?

Eu sou mãe de duas meninas, Helena de 9 anos e Luiza de 4 anos. A Helena no início achou um máximo e se adaptou com facilidade as aulas remotas, como tudo era novidade estava feliz por estar em casa, segura e estudando. Tudo estava bem, mas o tempo foi passando, a rotina de ir para a escola e encontrar os amigos, professores, funcionários foi fazendo falta. Uma noite ela apresentou crise de choro, perguntando quando tudo isso ia passar, ela estava em um momento delicado da vida dela, e eu como mãe me senti tão incapaz naquele momento... o que pude fazer foi abraça-la e dizer que tudo isso ia passar, que neste momento o mais importante era a saúde dela e de todos a sua volta.

Já com a Luiza, por ser mais nova, era tudo festa! Ela adorava ficar em casa e sempre ter a mãe ao seu lado, mesmo assim procurei manter a rotina de estudo com ela. Ela se adaptou tanto com a rotina que ela mesma cobrava “mãe vamos fazer minha aula agora?”. Isso me deixava muito feliz! Juntas, dia a dia, fomos encontrando a melhor maneira para se adaptar à nova realidade.

-Obviamente não é foi a mesma coisa, mas você sentiu que houve alguma perda tanto pra vocês professores e alunos? Qual seu ponto de vista em relação a isso?

Não sei se podemos usar o termo “perda”, pois naquele momento todos estavam assustados com o novo vírus, era o melhor para se fazer diante da situação, com tanta informação todos estávamos muito apreensivos. Mas as aulas precisavam continuar. Cada dia era uma batalha angustiante para nós professores! Tenho certeza que cada um tentou fazer o seu melhor, e a escola é uma via de mão dupla, a criança necessita da parceria dos pais e da escola neste processo, a família foi indispensável na contribuição do ensino aprendizagem de cada aluno no ano de 2020. As crianças estavam longe dos olhos de nós professores, só nos restava contar com a colaboração da família.

O aprendizado realmente não ocorreu como se todos estivem em sala de aula de forma presencial, isso é fato! Dentro de uma sala de aula vamos muito mais além, a vivência a troca de experiência com professores e alunos são também uma aprendizagem. Acredito muito na educação, acredito na força dos professores!

-Você é a favor a volta as aulas presenciais? Como você avalia o momento em que estamos vivendo para esse acontecimento?

Eu enquanto mãe e professora sou sim a favor das aulas presenciais, pois nossas crianças precisam da convivência, elas têm que viver em sociedade, precisamos ensina-las e fortalece-las, pois no decorrer da vida todos enfrentam diversos e diferentes obstáculos, esse é um deles, com conscientização todos precisam se adaptar à nova realidade e não podemos mais confinar nossas crianças por um tempo ainda indeterminado. E enquanto professora é claro que eu prefiro estar em sala de aula, as crianças estão ao meu “alcance” posso ver as dificuldades, as angustias, os progressos... é claro todos devemos continuar se cuidando, precisamos manter o distanciamento, o uso da máscara a higienização das mãos isso é uma regra a ser seguida a qualquer lugar que frequentarmos e não devem haver exceções. Precisamos tentar suprir a falta de interação, socialização e a carência que 2020 nos deixou. Precisamos novamente contar com a ajuda das famílias, pois a escola está se adaptando da melhor forma possível e todos precisamos ter consciência que, dentro do possível, devemos ficar em casa mantendo o distanciamento e evitando aglomerações.

-Neste ano como funcionará as aulas para seus filhos e na instituição em que você trabalha?

Iniciamos o ano com as aulas no sistema hibrido de ensino, um dia na escola outro dia em casa, e outros alunos que estão somente no sistema remoto.

Foi indescritível ver a alegria das minhas filhas e dos meus alunos voltarem a escola. Foi um retorno muito diferente, eles estavam sentindo muita falta daquele espaço que é deles, na escola eles tem as amizades, são felizes, constroem a aprendizagem e se desenvolvem.

Você acredita que a classe de professores e alunos teriam que ser uma das prioridades também na vacinação contra covid-19? Já que as aulas terão que voltar gradativamente a serem presenciais e assim ambos ficarem de certa forma expostos ao vírus ou você acredita que tendo todas as medidas de segurança já bastam até a vacina chegar?

Sem dúvidas, nós professores deveríamos estar sim na lista de grupo prioritários, agora na escola estamos ainda mais expostos, mesmo com os protocolos de segurança, há contato diariamente com várias pessoas. Porém, mesmo com a vacina, todos os cuidados e protocolos precisam continuar.

-Qual a mensagem que você gostaria de deixar aos nossos leitores sobre o assunto?

Eu tenho duas frases que carrego sempre comigo uma delas é, “o que é da gente está guardado!” e a outra é “o que é teu ninguém tira!”. Tudo que for para passarmos nesta vida vamos passar, todo aprendizado é uma evolução. O que não podemos é deixar que esse vírus vença nossa fé, nossa fé é que rege nossa vida, vamos ter fé que isso vai passar, vamos continuar se cuidando, todos os cuidados são primordiais para que possamos sair juntos dessa. Não podemos deixar de esquecer de cuidar do nosso emocional ele é tão importante quanto qualquer outro problema de saúde e o emocional de nossas crianças também.

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