Português (Brasil)

Pós Covid-19: o papel do fisioterapeuta no trabalho de reabilitação

Pós Covid-19: o papel do fisioterapeuta no trabalho de reabilitação

Data de Publicação: 16 de abril de 2021 16:42:00

Compartilhe este conteúdo:

Por Aline Cardoso

Seja como parte da equipe de atendimento nas unidades de terapia intensiva ou trabalhando na recuperação do paciente pós-internação, o fisioterapeuta é um profissional de fundamental importância para o sucesso do tratamento dos pacientes com Covid-19. Sua atuação contribui para evitar complicações cardiorrespiratórias em indivíduos internados e também para recuperar a capacidade pulmonar e motora de quem já se curou da doença. Por isso convidamos para uma entrevista a fisioterapeuta e professora da UNC (Universidade do Contestado) de Mafra Jaqueline Sueli Horodeski para falar mais sobre o trabalho que o profissional tem realizado nos tratamentos com pacientes pós coronavírus.

- De início pra podermos entender qual a importância que a fisioterapia tem tido com o coronavírus. Conte a nós em um modo geral do que se trata um tratamento com uma fisioterapeuta.

Hoje a fisioterapia atua em todas as áreas da medicina e em várias condições, temos 13 áreas regulamentadas pelo CREFITO (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional) e dentro dessas áreas existem as técnicas específicas.

O profissional faz desde a parte de prevenção até a parte de reabilitação, completa. Buscamos o bem estar dos pacientes, a qualidade de vida, trabalhamos o máximo para que ele fique o mais próximo do que ele era, antes da doença. Por isso, o tratamento da fisioterapia entra na promoção de saúde, em todas as áreas, até mesmo na reabilitação do paciente pós covid.

- Partindo para a covid-19. Você tem tratado bastante pacientes que a procuraram justamente por conta dessas sequelas que ficaram pós covid?

Eu atuo na reabilitação pós Covid 19 quando o paciente sai do período de contaminação. Principalmente em pacientes graves de COVID 19 quando ele sai do hospital com enfraquecimento muscular e precisa dar continuidade ao tratamento fisioterapêutico tanto para o suporte cardiorrespiratório como também pela perda de massa muscular que é muito grande, deixando debilitado e precisando a reaprender movimentos articulares simples.

 - As sequelas sempre são respiratórias ou não? Quais são os outros tipos de sequelas que podem acontecer e que você tem percebido com os pacientes que pegaram a covid-19?

Não. O coronavírus pode deixar sequelas depois que o vírus vai embora, a inflamação pode persistir por semanas, comprometendo o funcionamento do órgão como os rins, os pulmões, o encéfalo e no coração. Podendo ocasionar uma diminuição na capacidade cardiorrespiratória, neurológicas, insuficiência renal e debilidade muscular generalizada.

- Como pode ser feito o trabalho com esses pacientes, para que eles possam voltar a ter o mesmo condicionamento de antes de ser contaminado pela doença?

Por conta das debilidades respiratórias e musculares que ficam o fisioterapeuta irá ensinar desde o paciente respirar melhor, como também favorecer a questão muscular, um trabalho de força, resistência e alongamento. Há uma grande preocupação em voltar à normalidade das condições do paciente. Para reabilitação dos pacientes vai depender das sequelas deixadas, não depende da idade e nem das condições do paciente antes, então o tratamento fisioterapêutico são técnicas que favoreçam as condições hemodinâmicas fisiológicas como trocas gasosas, melhora cardiorrespiratória e fortalecimento muscular.

- Teve algum caso bem crítico que você teve que fazer esse trabalho de reabilitação. Como foi?

Sim. Tive uma paciente que ficou 26 dias entubada, com ventilação invasiva mais uns 10 dias internada fora da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e após indo para casa bastante debilitado, com uma perda muito grande da função respiratória, precisando de oxigênio em casa. Teve também o cansaço, a fadiga e além de tudo não conseguia sentar, tendo bastante dificuldade. Com a reabilitação, com o trabalho que foi feito ele hoje já consegue ter uma vida normal, mas com sequelas. Mas dentro do quadro dele de antes ele já está conseguindo voltar as atividades de vida diária, voltando ao trabalho. As vezes a gente acha que o paciente covid não tem mais o que fazer, mas muito pelo contrário, temos um trabalho a realizar com profissionais por trás disso tudo. Existem casos como esse que o paciente não consegue nem sentar. Pode ser uma pessoa jovem, ou com mais idade, independente. Acontecem situações que uma pessoa de 80 anos reage melhor ao tratamento do que uma pessoa mais jovem. É um trabalho de reaprender.

- Tem diferença em um tratamento nesse tipo que estamos conversando para uma pessoa mais jovem e uma pessoa com mais idade?

Todo paciente é único, independente de faixa etária. Só se inicia um trabalho com um paciente depois da avaliação, em que você determina o que realmente ele precisa. A maioria dos pacientes covid é trabalhado a parte pulmonar, mas grande parte deles já vem com um primeiro trabalho realizado. E mesmo sendo um trabalho com o mesmo objetivo, com foco no pulmão por exemplo, não irá ser igual, por isso que é preciso fazer uma boa avaliação para determinar como será feito o tratamento.

- Gostarias de deixar alguma mensagem final aos nossos internautas e leitores?   

Primeiro acima de tudo, prevenção. Precisamos trabalhar, precisamos voltar a nossa vida ao mais normal possível, mas só conseguiremos isso se cada um fizer a sua parte, utilização de máscara, álcool em gel. Acredito que a máscara será mais um acessório que vamos utilizar. Estamos utilizando como uma forma de prevenção para a covid, mas se você pensar em quantas doenças principalmente respiratórias, que estamos prevenindo com duas atitudes bem simples que é lavar as mãos e utilização da máscara. Cuide-se. Estamos perdendo amigos, colegas, muitos jovens que muitas vezes não sabemos da onde e como se contaminou.

Nada mais importante que nesse momento que todo mundo se conscientize e previna, para me proteger, proteger seu amigo, colega, sua família.

Confira a entrevista em vídeo: 

Compartilhe este conteúdo: