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Mês da consciência celíaca: entrevista com dr. Hoiti Okamoto

Mês da consciência celíaca: entrevista com dr. Hoiti Okamoto

Data de Publicação: 14 de maio de 2021 15:23:00 Vamos saber mais sobre a doença celíaca? O dr. Hoiti Okamoto, médico especialista em gastroenterologista, explica o que é, qual o diagnóstico, tratamento e reforça a importância do cuidado que se deve ter com a doença

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Por Aline Cardoso

Entramos no mês da consciência celíaca e neste dia 15 de maio é comemorado o Dia Internacional do Celíaco. A doença celíaca ocorre em pessoas com tendência genética à doença. Geralmente aparece na infância, mas pode surgir em qualquer idade, inclusive nas pessoas adultas. Para saber sobre o diagnóstico, tratamento e muito mais convidamos para uma entrevista o médico especialista em gastroenterologista, Dr. Hoiti Okamoto. Confira!

Médico especialista em gastroenterologista, Dr. Hoiti Okamoto

- O que é a doença celíaca? E qual a diferença com as pessoas que possuem a intolerância ao glúten?

Hoje o termo "distúrbios relacionados ao glúten" descreve uma série de doenças, incluindo a doença celíaca, alergia ao trigo e sensibilidade não celíaca ao trigo, onde o glúten é considerado o principal causador. A prevalência dessas três condições é estimada em 5% na população em geral, no entanto, nos últimos anos o número de diagnósticos vem aumentando rapidamente.

O glúten é uma proteína encontrada principalmente no trigo, aveia, centeio e cevada.

A doença celíaca é considerada um conjunto de doenças desencadeadas pela ingestão de glúten. Quando os pacientes com doença celíaca ingerem glúten, ocorre uma inflamação desencadeada pelo próprio sistema imunológico (autoimune). Esta inflamação danifica a mucosa do intestino, resultando em má digestão e má absorção de nutrientes alimentares, mas também pode afetar outros sistemas do organismo.

A intolerância ao trigo é um termo utilizado para definir a incapacidade de digerir um carboidrato (amido) acima de uma quantidade (em excesso).

A sensibilidade não celíaca ao trigo é uma condição ainda discutível de uma provável reação imunológica relacionada a outras proteínas do trigo.

- Quais os sintomas uma pessoa pode ter e quais exames realizar para descobrir se tem o diagnóstico da doença celíaca?

Os sintomas mais comuns são: diarreias, flatulência, distensão e dor abdominal. Alguns pacientes podem não ter nenhum sintoma digestivo e apresentar fraqueza, perda de peso, anemia, osteopenia, alterações hormonais (ausência de menstruação, infertilidade), distúrbios dermatológicos e neurológicos.

O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais, genéticos, endoscopia digestiva e biópsia. É importante realizar exames laboratoriais mais sensíveis, com a pesquisa de anticorpos em testes de última geração.

- É uma doença que pode ser desenvolvida com o tempo, por exemplo, depois de adulto? O que acontece para isso ocorrer?

É importante ressaltar que ninguém nasce celíaco. Para desenvolver a doença, uma pessoa geneticamente predisposta é exposta ao glúten e um determinado fator dispara um gatilho no sistema imunológico. A partir disso esse sistema imunológico passa a produzir anticorpos que podem inflamar o próprio intestino ou outro tecido do organismo.

O gatilho imunológico quase sempre é disparado na infância, e na maioria das vezes por uma infecção viral intestinal. Mas outros fatores externos (alimentos, medicamentos) podem, de forma rara, disparar esse gatilho na idade adulta.

- Há uma restrição na alimentação das pessoas que possuem a doença celíaca, o que pode acontecer se a pessoa não cuidar corretamente?

A principal restrição será com todos os alimentos que contém glúten na composição, como o trigo, aveia, cevada e centeio.

A não aderência à dieta isenta de glúten pode além de manter e desencadear os sintomas, causar o aparecimento de outras afecções ligadas ao sistema imune.

- Por conta dessa restrição vários alimentos são excluídos da alimentação do paciente. O que fazer para substituí-los e manter os nutrientes corretos para o bom funcionamento do corpo?

Se não houver uma devida atenção, a dieta sem glúten pode se tornar muito pobre em qualidade nutricional e causar um impacto socioeconômico e na qualidade de vida dos pacientes. Por outro lado, escolhas alimentares bem realizadas trazem grandes benefícios não somente para melhora da doença celíaca, mas também vantagens na saúde metabólica como um todo. Na atualidade, a recomendação tanto para as pessoas celíacas ou para aquelas que desejam um estilo de vida mais saudável é restringir o máximo possível os alimentos chamados de ULTRAPROCESSADOS.

Ultraprocessados são alimentos produzidos (construídos) com ingredientes industrializados, aqueles que já não estão na forma como são encontrados na natureza.

- Gostaria de deixar alguma mensagem aos nossos leitores em especial a este mês que é o destinado à consciência celíaca?

É importante lembrar que o celíaco é uma pessoa absolutamente normal desde que não ingira alimentos com glúten!

A medicina procura incessantemente uma alternativa de tratamento além da dieta.

Existem pessoas que adotaram a dieta sem glúten ou trigo por sentirem melhora na qualidade de vida, perda de peso ou até mesmo por modismo.

O celíaco NÃO pode ingerir glúten em nenhuma quantidade e em nenhum dia!

Não é uma dieta por modismo, a restrição do celíaco é para sempre! Os sintomas após ingestão inadvertida de glúten podem não ser imediatos, mas podem acarretar sofrimentos futuros.

Num longo prazo a ingestão rotineira acima de 300 a 350 g de trigo ao dia não é saudável para a maioria das pessoas.

Dr. Hoiti Okamoto (CRM SC 3279), é especialista em Gastroenterologista pela Federação Brasileira de Gastroenterologia – FBG – RQE 6548 e atende no Centro Médico Oxford em São Bento do Sul. Para saber mais informações sobre o seu trabalho e agendamentos de consultas entre em contato pelo whats app (47) 9984-1552.

 

 

 

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