O Brasil está em sexto lugar no ranking de maiores produtores de leite bovino no mundo, produziu em 2020 um total de 24,95 milhões de toneladas de leite, sendo esta uma atividade de grande importância para a economia do nosso país.

A atividade leiteira tem como base a criação de fêmeas que irão produzir leite e substituir animais descartados. A reprodução é realizada, em geral, de forma artificial ou um único macho com características genéticas desejáveis é responsável pelos acasalamentos na propriedade. Desta forma, o nascimento de bezerros machos na maioria das propriedades não é desejado, e os produtores precisam dar um destino para esses animais, o que se torna um desafio.

Buscando compreender este cenário alunos do curso de Medicina Veterinária da UNISOCIESC, de São Bento do Sul, Santa Catarina, Brasil, realizaram uma pesquisa utilizando questionário para coleta de informações referentes ao manejo e destino dos bezerros machos provenientes de propriedades leiteiras. O questionário foi divulgado em mídias sociais para a coleta de respostas, tendo como público alvo produtores rurais ligados a produção de leite. Foram obtidas 241 respostas, sendo a maioria (75,52%) de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais. A principal raça criada pelos produtores era a Holandesa (40,66%). 52,70% dos produtores vendem todos os bezerros machos e a maioria (41,49%) já é vendida na primeira semana de vida, o mais rápido possível.

A maioria dos produtores acham que o valor pago pelo bezerro é muito baixo, considerando os custos da produção, e 22,41% doam o bezerro para retira-lo da propriedade não ganhando nenhum valor. A maioria dos proprietários (53,11%) preferia que nascessem apenas fêmeas, devido à falta de utilidade de machos na produção leiteira. 51,03% dos produtores afirmam que a melhor forma de obter lucro com os machos é vende-los ainda pequenos, reduzindo os custos com a alimentação. Grande parte dos produtores (89,63%) acredita que a uso de sêmen sexado é uma ferramenta importante para aumentar o número de nascimento de fêmeas na propriedade, mas apenas 17,42% utilizam esse recurso, e destes 96,32% afirmaram que obtiveram bons resultados com maior nascimento de fêmeas.

Com base nessas informações os estudantes conseguiram observar que os produtores acreditam que o bezerro macho é considerado um problema dentro do sistema de produção de leite. A maioria dos produtores eliminam rapidamente o animal da propriedade para redução dos custos, muitos destes são vendidos ainda muito pequenos para produção de carne de vitelo, sendo esta uma questão importante a ser observada em relação as diretrizes de bem-estar animal.

Autores: Alana Stefen de Castilho, Claudinei Wischral, Ketlyn Tureck Anhaya, Camila Cecilia Martin, Caroline Bortoleto

Autora

Gabriela Ferreira é farmacêutica, doutora em Ciências da Saúde, pós-doutora em Engenharia e Ciência dos Materiais e pós-doutora em Farmacologia. Atualmente é pesquisador convidado do Instituto Ânima, professora presencial e online da Sociedade Educacional de Santa Catarina (UniSociesc) e Grupo Ânima, respectivamente. Coordenadora do curso de Biomedicina da UniSociesc de São Bento do Sul/SC. Tem experiência na área de Bioquímica, Farmacologia e Biomateriais.