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Setembro Amarelo: campanha alerta a importância durante todo o ano da prevenção contra o suicídio

Setembro Amarelo: campanha alerta a importância durante todo o ano da prevenção contra o suicídio

Em entrevista psicólogo Fernando Braulio Pimentel CRP 08/27411- PR 12/IS-19279-SC fala sobre importância de lembrar desta data e sobre prestarmos mais atenção as cores do próximo

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São registrados mais de 13 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 01 milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.

Com o objetivo de conscientizar as pessoas a campanha Setembro Amarelo vem para lembrar da importância de se falar sobre o assunto durante todo o ano. Confira a entrevista com o psicólogo Fernando Braulio Pimentel:

Quando surgiu o movimento Setembro Amarelo e explique o que é?

O movimento iniciou mundialmente em 2003, conhecido como uma data a conscientização da prevenção ao suicídio. Foi inspirado na história de um jovem americano chamado Mike que havia reformado o seu Mustang 68 e pintado de amarelo. Em homenagem a esse jovem que cometeu suicídio lamentavelmente os amigos e familiares distribuíram em seu funeral, cartões com laços amarelo. No Brasil foi por iniciativa do Centro de Valorização a Vida, do Conselho Federal de Medicina e também da Associação de Psiquiatria em 2015. Então começado a falar sobre a prevenção ao suicídio.

Qual a importância em falar sobre esse assunto?

É muito importante falar sobre isso porque muitas vezes nós não temos a noção, não temos o conhecimento do quanto nós estamos convivendo com pessoas ao nosso lado que por algum motivo tem alguma dificuldade, algum pensamento suicida ou uma ideação suicida. Muitas vezes passa despercebido e quando nós menos esperamos nos deparamos com situações em que a pessoa acaba tirando a sua própria vida e muitas vezes pessoas próximas, trazendo um grande luto a todos os familiares.  Precisamos falar sobre isso de uma maneira não pejorativa, de uma maneira não preconceituosa, nas escolas, nas igrejas, entre amigos, para que possamos ajudar e também a prevenir o suicídio. Nós sabemos que segundo a Organização Mundial de Saúde, o suicídio está entre as três causas de morte de pessoas entre 15 e 29 anos. No Brasil são cerca de doze mil pessoas por ano, que perdem suas vidas por conta do suicídio e 68% mais ou menos estão ligados a doenças psíquicas e psicológicas.

Quais são os principais cuidados sobre esse assunto?

O suicídio é um caso de emergência e em casos como esses nós temos o SAMU, 190 que pode ser acionado. Mas também temos outras formas de buscar ajuda, o CAPS que nos orienta, nos ajuda a Unidade Básica de Saúde. Temos muitas áreas da psicologia que através da psicoterapia possibilitam diversas formas de tratamento para pessoas que têm uma ideação suicida.

Onde e como procurar ajuda quando a pessoa está no quadro depressivo?

Devemos fazer algum tipo de intervenção, mas é claro que é preciso muito cuidado. Primeiramente nós não podemos julgar a pessoa. A gente sempre fala como pode uma pessoa ter falta de ar com tanto ar para respirar. Não adianta dizer para uma pessoa olha só como a vida é tão bela, se anime. Esse tipo de intervenção não serve. Nós não podemos julgar, não podemos querer que a pessoa faça coisas que ela não está com vontade de fazer. É preciso acolher o sofrimento, ter empatia é muito importante. Se aproximar e buscar compreender o que ela está sentindo e valorizar o sofrimento dela. Esses são os primeiros passos. Para que ela consiga manifestar aquilo que ela está sentindo e a gente possa ajudá-la buscar o tratamento.

Como abordar esse assunto com adolescentes?

É bastante delicado, pois é um momento em que ele está passando por várias transformações na sua realidade e no mundo em que o cerca. Muitas vezes a tendência do adolescente é o isolamento social. E muitas vezes nós podemos até querer impor a ele que saia, que não se isole, que busque fazer alguma atividade, mas ele não está interessado e não consegue. É muito importante abordar esse adolescente com muito cuidado e claro que é muito difícil nós entendermos aquilo que ele está passando, mas em primeiro momento não é exatamente isso que devemos fazer, querer entender. Basta ouvi-lo. Também muitas vezes ele não vai querer falar mas irá demonstrar alguns sinais como a tristeza, irritabilidade, ansiedade, mudanças drásticas no humor. A gente deve estar atento a esses sinais. E quando nós não damos conta de ajudar é preciso sim buscar o tratamento adequado de um profissional da saúde mental.

Quais são as dicas profissionais da saúde mental e psicológica?

Precisamos prestar mais atenção uns nos outros. Nós vivemos em um momento ou já há bastante tempo em que muitas vezes nós não prestamos atenção nas pessoas. Esses dias no local onde eu trabalho, nós fizemos uma atividade na qual era preciso prestar atenção no cantar de um pássaro, um muito comum que é o João de Barro. E nós não identificávamos que pássaro que era, ou seja, desde que éramos crianças nós estamos convivendo com esse pássaro que é comum aqui na nossa região, porém nós ainda não conseguimos identificar de primeiro momento o cantar dele.

Assim acontece também no nosso dia a dia na nossa realidade não prestamos atenção no outro. Ficarmos atentos ao que o outro está passando e vivenciando.

 Observar quando a pessoa está abusando excessivamente de algumas substâncias como álcool e drogas, quando a pessoa está muitas vezes deixando os compromissos de lado também.

Precisamos ter esse olhar para aquele que convive conosco, os nossos amigos que muitas vezes estão passando por um momento de dificuldade e nós não percebemos.

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