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Enfermeira Rosana conta sobre sua área de atuação e como foi o enfrentamento da pandemia para esta profissão

Enfermeira Rosana conta sobre sua área de atuação e como foi o enfrentamento da pandemia para esta profissão

Data de Publicação: 13 de maio de 2022 14:27:00 Rosana Barão, enfermeira do município de Rio Negro, também comentou sobre casos de Covid no município e sobre a vacinação contra a gripe.

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1. Como começou o seu interesse pela área da enfermagem?

Eu sou enfermeira a 16 anos, me formei com 20 anos na UNC de Canoinhas, e desde criança brincava de enfermeira. Eu pintava meu pai de tinta guache vermelha e fazia curativo nele, isso com uns 7 anos. Então desde lá, já me despertou esse interesse pela profissão, e depois quando fui crescendo, no ensino médio, todo teste vocacional que eu fazia dava para a área de saúde, principalmente para a enfermagem. Aí aconteceu uma situação bem triste quando tinha 16 anos, eu estava no segundo ano do ensino médio e abriu o primeiro curso técnico de enfermagem aqui em Rio Mafra, e não pude fazer. Saí chorando do local, porque tinha que ser maior de 18 e ter ensino médio completo. Mas, quando me formei no ensino médio, em 2002, eu já prestei vestibular no mesmo ano e passei na UNC de Canoinhas, na faculdade de enfermagem.

Eu fiquei muito feliz quando passei no vestibular, porque era o meu sonho, era o que estava determinada a fazer mesmo. E as pessoas não entendem muito que existe a faculdade de enfermagem, nível superior e existem cursos técnicos de enfermagem, a nível médio e as atribuições do trabalho são bem diferenciadas.

 

2. E quais são as diferenças entre os dois cursos?

O técnico de enfermagem, ele faz muitos procedimentos técnicos, desde medicação, troca de fralda, cuidado com o paciente, enfim, cuidados técnicos. O enfermeiro, ele aprende a fazer toda essa parte técnica sim, porém, o enfermeiro com nível de graduação superior já puxa mais para a parte burocrática, que é ser responsável por uma equipe de enfermagem, ou uma equipe completa, com médico, dentista etc.

Por exemplo, hoje coincidiu que eu estou assumindo a coordenação da atenção primária, então o meu papel hoje em dia é coordenar todas as unidades de saúde de Rio Negro. Eu vou trabalhar com médicos, com técnicos de enfermagem, com outros enfermeiros colegas, passando todo o suporte, toda a orientação, todos os protocolos de atendimento.

 

3. Como foi, para você e para os outros enfermeiros, o enfrentamento da pandemia?

Foi bem puxado, nós trabalhamos muito nessa pandemia. Eu não trabalhei tão vinculada a pandemia, porém, como sou de unidade básica de saúde, a gente recebia os pacientes com sintomas, mas encaminhávamos para a sede, onde eles trabalhavam só com a Covid em si. Mas assim, eu fazia ambulância também, e quando nós estávamos de plantão, pegávamos o paciente de Covid positivo para fazer exame ou para fazer transferência para um hospital de maior porte. Então medo de pegar uma doença dessa e levar para casa, inseguranças, porque as vezes a população não segue os protocolos de segurança e olhavam os agentes profissionais da saúde como um bicho estranho, por estar paramentado, mas claro, a gente se paramenta porque o nosso medo não era de nós ficarmos doentes, o nosso medo é de passar para um pai, uma mãe, para um filho em casa, então é óbvio que a gente usou toda a paramentação, todos os equipamentos de precaução ali da doença, os EPIs. Então foi complicado, porque as pessoas não entendiam sobre as doenças.

 

4. Atualmente como que estão os casos de Covid em Rio Negro?

Nós estamos em pandemia ainda. A pandemia ainda não acabou. Enquanto tiver mais de 10 casos, é pandemia, isso que a população não entende. Foram afrouxadas as medidas de proteção, mas, a gente ainda tem que ter cuidado, porque a doença ainda está aí.

 

5. Entramos na época de vacinação da gripe e sarampo. Em Rio Negro, a campanha está tendo retorno? As pessoas estão buscando se vacinar?

Estão sim. A gente abriu a vacina da gripe para crianças de 6 meses a 4 anos, para idosos acima de 60 anos, para profissionais da saúde, para pessoas com comorbidades comprovando que tem aquela doença. Professores também podem tomar, bombeiros, policiais. Então, esse público pode procurar as suas unidades de saúde.

A adesão está bem legal, mas as pessoas tem medo de pegar a doença Influenza através da vacina, e a vacina deixa a pessoa muito mais fortificada para pegar outras influenzas mais graves, como a H1N1. A gente pede para a população que se enquadra nessas áreas, para procurar fazer essa vacinação.

Os sintomas da Influenza, Dengue, Covid são muito parecidos. Então às vezes, a paciente apresenta determinados sintomas, e a gente tem que investigar, para ver qual é a doença em si.

 

6. Até quando vai ir a vacinação da gripe?

Vai até junho. Eu acredito que se a gente não atingir as metas nessa população que falei, aí eles prorrogam, porque veio bastante vacina. Então temos que atingir porcentagens dessas metas nessa população que foi preconizada, para daí a gente poder abrir essa vacina para as outras faixas etárias não contempladas.

 

7. Recentemente tivemos um aumento no número de focos de dengue na região, você pode relembrar a população, quais os sintomas da dengue e os cuidados para evitar o foco do mosquito?

Gente a dengue mata, só que não é só a saúde que tem que fazer o seu papel quando a doença está instalada, a população tem que ter consciência que é seu acúmulo de lixo em casa, que é a água parada até nos vasos de flor, qualquer quantidade de água parada no papel de bala jogado no chão, num plástico, numa tampinha de garrafa PET, a larva do mosquito ela se prolifera ali.

Os sintomas da doença são: febre alta de 39 graus a 40 Graus, dor nas articulações, dor atrás dos olhos, são sintomas bem importantes para dengue e aparecem de 4 a 7 dias.

A forma de transmissão da dengue é pelo mosquito aedes aegypti, nós temos o mosquito em Rio Negro e Mafra, só que ainda graças a Deus, a gente não teve a sorte de alguém contaminado pela doença ser picado por esses mosquitos. Porque a contaminação é assim, os nossos mosquitos que ainda não são contaminados, picam uma pessoa com dengue e daí depois esses mosquitos vão nos picando por aí.

 

8. No dia 12 de maio, nós estaremos comemorando o dia da enfermagem, deixe uma mensagem para os nossos leitores, em comemoração à esta data!

Essa é uma profissão maravilhosa, eu amo, não me vejo fazendo outra coisa, e que os enfermeiros sejam valorizados pela população. Se falta o médico, é um enfermeiro que está ali, nós somos habilitados a fazer consulta de enfermagem, então, quando falta um médico, é um enfermeiro que tá ali para dar assistência para aquela pessoa.

Às vezes, a gente atende a população, desde a barriga de uma gestante, até o óbito dessa pessoa. Trabalhamos com todas as fases da vida, e quando uma família está sofrendo, quem está ali para dar a mão e ajuda para aquela pessoa é o enfermeiro, então é uma profissão bela.

Eu digo assim, valorizem a enfermagem, porque os nossos salários não são os melhores. O enfermeiro estava agora com a PL para ser aprovada no nível federal, a gente tem que trabalhar em dois, três empregos para ganhar melhor. Eu mesma, trabalhava no Posto de Saúde por 8 horas e trabalhei no hospital de Mafra, por 7 horas já ia para o hospital e ficava às vezes, 36 horas acordada até conseguir chegar em casa e dormir, então era uma rotina bem exaustiva. Mas é porque os salários ainda são defasados e a gente tem que trabalhar em dois, três lugares, mas mesmo assim sempre com sorriso no rosto, tentando levar carinho para os nossos pacientes, a melhor forma de orientação, de ajuda, com jeitinho, então a gente só quer ser valorizado e um salário melhor.

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