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Conheça um pouco sobre a geologia e tenha um mergulho na incrível experiência sobre o Cenpaleo

Conheça um pouco sobre a geologia e tenha um mergulho na incrível experiência sobre o Cenpaleo

Data de Publicação: 27 de maio de 2022 14:04:00 Nesta entrevista, Luiz Carlos Weinschutz, coordenador e pesquisador do Cenpaleo, comenta sobre a geologia e sobre a fundação e exposições do Centro Paleontológico.

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1. Qual é a função do geólogo?

Acredito que muitas pessoas nunca ouviram falar sobre, e se ouviram falar de Geologia, tem pouca noção do que se trata. Hoje o geólogo é um profissional vinculado ao CREA, o mesmo sistema que cuida e controla as ações da engenharia, e o geólogo trabalha em resolver as questões relacionadas ao planeta Terra, mais relacionado principalmente, à relação entre a comunidade com as rochas e com o meio físico que ele está inserido. Por exemplo, desde a necessidade de bens minerais, como petróleo, ferro, ouro, etc., até questões de segurança, como cortes de estrada, escavações de túneis, barragens, hidrelétricas, e relações com o meio ambiente em que nós estamos inseridos.

 

2. O que te fez escolher esta profissão?

Desde pequeno, eu tive muito apoio, não necessariamente apoio, mas, assim sempre me espelhei muito nas minhas irmãs que gostavam da parte de ciências, tive professores no ensino básico, fundamental na área da geografia e das ciências que me cativaram bastante e eu desde pequeno sempre pensei em fazer algo voltado à pesquisa da natureza, se não fosse geologia, talvez fosse geografia, biologia, mas acho que acabei escolhendo a carreira certa.

 

3. Como é a rotina de trabalho de um geólogo?

Isso varia muito, porque a geologia na verdade é muito ampla, mas, basicamente a gente pode resumir assim do profissional da geologia que vai trabalhar na academia, ou seja, nas universidades com a pesquisa propriamente dita, e dos profissionais que ficam inseridos no mercado de trabalho, que aí pode ser desde prefeituras, grandes mineradoras, empresas de sondagens, etc.

Você tem sempre uma rotina que não é nada monótona, o geólogo normalmente não fica somente dentro do escritório, ele tem muitas atividades de campo, porque ele tem que buscar a informação que ele precisa para o seu trabalho na natureza, então se eu vou trabalhar com desenvolvimento de minerações, eu tenho que pesquisar, coletar amostras, fazer análise, etc. então é um tipo de profissão que você tem oportunidade de conhecer muitos lugares, e não é nada enjoativo, você está sempre vendo novas situações.

 

4. Como é o âmbito da geologia na região de Riomafra?

Nós temos aqui, várias oportunidades. Além de eu ser coordenador de um centro que trabalha com paleontologia, a paleontologia é uma das áreas que está inserida dentro da geologia, eu também trabalho para a prefeitura de Mafra, eu sou funcionário concursado e dentro da prefeitura, por exemplo, eu trabalho com várias linhas, desde a parte de exploração de rochas, no caso das pedras, que tanto precisa ir para manutenção de estradas, mas, também a parte de situação com relação à estabilidade de taludes e morros. Às vezes tem casas construídas em situações de risco, então a gente pode participar com nosso conhecimento nessas áreas também.

Aqui em Mafra, também tem várias outras minerações, principalmente de areia ou extração de argila, que em todas elas têm geólogos como responsáveis técnicos.

 

5. Qual é a história do Cenpaleo e o que ele representa?

O Cenpaleo foi um caso muito interessante que hoje acaba servindo até de modelo para outras regiões do Brasil, como uma situação que iniciou de uma forma complicada e gerou o que é hoje um dos grandes centros de estudo de paleontologia do Brasil.

Era final de 1996, começo de 97, e uma grande indústria de São Paulo da área da borracha, de bandagens de pneu, queriam se instalar aqui para o Sul do Brasil. Na época, Mafra se prontificou, ofereceu alguns pontos positivos para essa indústria, e ela veio se instalar aqui. Uma dessas situações que a prefeitura proporcionou foi encontrar um terreno apropriado e fazer uma obra de terraplanagem. Só que durante essa terraplanagem, foi necessário cortar rochas, e essas rochas continham fósseis.

Isso gerou um problema, porque os fósseis são patrimônio da união, nós não podemos destruí-los, eles pertencem a todos nós. E houve um conflito entre a indústria, que estava querendo sair do município porque não dava para explorar por causa dos fósseis, e a Universidade na época achou que era uma questão para ela resolver e foi assim que criaram o Centro de Pesquisa de Paleontologia, onde esse material que foi encontrado nessa obra foi transportado.

Depois disso, várias outras situações ocorreram, que ajudaram a gente a crescer, como a contratação, na época, de um especialista para trabalhar aqui, na época veio o Professor Oscar Rösler, que deu todas as diretrizes do que a gente tem hoje. A prefeitura desapropriou uma área vizinha à essa empresa lá, que contém fósseis que a gente explora até hoje, já tiramos mais de 8.000 fósseis de lá.

Hoje a gente tem a indústria instalada lá, e temos o Cenpaleo, que é o maior centro de pesquisa paleontológica do estado do Paraná e Santa Catarina, e talvez um dos 10 do Brasil.

 

6. Qual é o fóssil mais antigo que vocês têm aqui?

A gente tem uma exposição aqui, que deve ter umas 2000, 2500 peças, temos um acervo de fósseis que não estão expostos, que são para a pesquisa científica, com mais de 12 mil fósseis, mas dentro desses, o mais antigo que nós temos, que está em exposição e qualquer um aqui da região pode vir visitar, é um fóssil que a gente chama de estromatólito. Ele não é um fóssil encontrado aqui em Mafra, a gente não tem esse tipo de fóssil, mas ele é encontrado aqui próximo, ele vem da região metropolitana de Curitiba, região de Colombo, Almirante Tamandaré. É um fóssil bem esquisitinho, na verdade ele é uma estrutura que a gente observa nas rochas, que são colônias de bactérias, é um micro fóssil, mas da para observar ele nas rochas, e essas microbactérias representam os primeiros organismos que surgiram no planeta, e essas que nós temos aqui no Cenpaleo são datadas de aproximadamente 1 bilhão de anos.

As rochas que a gente tem aqui em Mafra, são um pouquinho mais novas que isso e os peixes que a gente encontra aqui são datados de 300 milhões de anos.

 

7. Deixe uma mensagem aos nossos leitores!

Quem se interessa, principalmente a comunidade mais jovem, que está terminando seu ensino médio e está pensando em seguir uma carreira em uma universidade, o curso de Geologia é uma ótima opção. No Brasil, ainda existe um mercado muito aquecido para os profissionais da geologia. Nós temos aqui em Mafra, o Centro de Paleontologia, que é uma das especializações da geologia, que você vai buscar como que era o tempo antigo da vida, o tempo antigo da Terra, mas também tem opções de trabalhar com o meio ambiente. Hoje a geologia é muito utilizada para se entender a contaminação dos solos, a contaminação dos rios, essa problemática toda do aquecimento global, muitos geólogos estão envolvidos nisso, dá para se trabalhar com a parte de produção de minerais, o Brasil é muito rico, tem muita coisa ainda a ser descoberta. Então, é uma grande oportunidade aí para quem tem interesse na Geologia, é uma área fascinante, quando a gente se forma, a gente sai com uma outra cabeça, outra forma de enxergar o planeta, a gente vê que o planeta é muito mais complexo do que aquilo que a gente consegue às vezes enxergar.

Deixo também um convite à toda a comunidade que quiser vir aqui conhecer um pouco de paleontologia da nossa região, que venham aqui no Museu da Terra e da Vida, que a gente vai recebe-los com todo carinho.

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