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Arte na pele: tatuador Leandro Souza fala sobre sua profissão

Arte na pele: tatuador Leandro Souza fala sobre sua profissão

Data de Publicação: 12 de maio de 2023 15:36:00 Seguindo com nossas entrevistas sobre o dia do trabalhador, o tatuador e artista plástico, Leandro Souza, conta sobre sua profissão, formas de ingressar nesta carreira, dicas para iniciantes no mundo das tatuagens, e muito mais!

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1. Ser tatuador sempre foi o seu objetivo?

Ser tatuador nunca foi a minha meta. Eu sempre trabalhei com arte a minha vida inteira, sempre desenhei, sempre curti arte em geral, me formei em arte, mas tatuar nunca foi o meu objetivo, nunca tive esse olhar para a tatuagem, até porque a tatuagem antigamente ela tinha um outro perfil, era algo mais tatuagem sendo tatuagem. E isso mudou muito, hoje ela é muito mais artística, ela é voltada para a arte, ela bebe da arte, então isso que fez os meus olhos se abrirem para a tatuagem. A partir de uma tatuagem que quis fazer em mim, eu comecei a pesquisar e percebi que mudou muito o perfil da tatuagem e dali para frente não parei mais de me interessar, e assim pensei em fazer um curso de tatuagem. A princípio foi como um hobbie, até porque eu já trabalhava em outros setores, então não tinha esse espaço ainda. Não tratava como uma carreira assim, era mais por curiosidade e também, se tudo desse errado, eu teria essa segunda opção de profissão. E foi o que aconteceu, deu tudo errado, e hoje estou aqui. Mas foi bom, é algo que acaba direcionando a gente para outros olhares e foi muito interessante esse despertar para essa nova profissão.

 

2. Hoje em dia essa profissão vem crescendo cada vez mais, como se ingressa nesta carreira? Tem algum curso?

Como é uma profissão que está crescendo muito, tem muita gente que acha que basta você fazer um curso com tatuador o até mesmo por uma plataforma, ou no YouTube e já acha que isso é suficiente para estar começando a tatuar. Na minha opinião, tem que levar a sério como qualquer outra profissão. Para fazer tatuagem, não tem vestibular, mas você pode entrar em uma escola técnica, se aperfeiçoar bem nessa escola e depois você vem procurando outros tatuadores, workshops, convenções, para você ir se especializando, mas não fazer um curso qualquer e já achar que está tatuando.

É algo muito sério, que você tem que pensar bem, porque não é só sentar ali numa bancada, pegar a agulha e tatuar a pessoa, envolve muitas outras coisas antes, em questão principalmente de responsabilidade.

Como eu falei, a tatuagem está bebendo da arte hoje, e a arte é infinita, ela está toda hora mudando, e se você é uma pessoa fechada só para uma coisa, você não vai conseguir ter um bom resultado, então um curso de especialização é muito importante.

 

3. Qual você diria que é a melhor parte de ser tatuador?

A liberdade que você tem de condicionar o seu trabalho, porém, você também pode se perder com isso, porque tem que ter muita disciplina com essa liberdade, você tem que ter uma rotina, tem que ter um compromisso muito sério com os clientes, porque o cliente que marca com você é sagrado, se você ligar para desmarcar com o cliente é quase morte para ele, porque as vezes ele já está a uma semana esperando, ansioso e você diz que não pode no dia, é muito ruim.

Essa liberdade é muito boa, porque você faz seu horário, você é seu patrão, e além disso você tem aquela recompensa da satisfação do cliente, que isso eu acho que é a melhor parte.

 

4. Teve alguma tatuagem que você considera a mais difícil de ter tatuado?

Em estúdio eu vou fazer 5 anos de carreira, as tatuagens mais difíceis geralmente são aquelas que envolvem tanto a questão anatômica quanto a questão de tamanho, local. Eu diria que as tatuagens mais difíceis para mim são as coberturas, porém, é um dos trabalhos que tenho especialização. Mas porque a cobertura? Porque é um “trabalho sujo” digamos assim, você está criando um desenho, em cima de outro desenho, e ainda a finalidade daquele desenho de cima tem que ser muito melhor e muito mais bonita.

Um dos mais difíceis que eu tenho feito é um trabalho que eu estou a 1 ano tatuando, que é um dragão inteiro nas costas de um cliente, e a gente está transformando as costas dele em outro desenho, mas é um trabalho minucioso, então acredito que seja um dos trabalhos mais difíceis.

 

5. Tem algum tipo de tatuagem que você não gosta de fazer?

Não tem nenhuma que eu não goste, tem algumas que a gente pensa “não é a minha praia, jamais faria”, porque não é do meu mundo, mas tenho que entender que é dos outros. Tipo nome de namorada, não sou totalmente contra, porque acho que tatuagem é aquilo que você está vivendo no momento, são as tuas lembranças, então se você for tatuar algo pensando que vai dar tudo errado, já não está certo. Então viva, hoje tem os procedimentos de cobertura, que estão muito mais tranquilos do que antigamente.

 

6. Poderia deixar algumas dicas para as pessoas que estão começando ou pensando em entrar nesta carreira?

Eu acho que a dica que tenho, não só para tatuagem, mas para todas as profissões, é que você tem que ter finalidade, uma identificação com a profissão. Porque muitas pessoas vão na onda do que está dando mais dinheiro e vão naquilo, não é bem assim, porque tem muitas profissões maravilhosas, e a gente não tem nem possibilidade de ter acesso por não ter nada a ver com a gente.

Então a tatuagem você tem que ter um pouco de afeição com desenhos, com composição, tem que ter esse interesse maior pela arte. O principal foco para a tatuagem é a arte, se inteirar do que está acontecendo, e não é porque você quer ser tatuador que você tem que se especializar em tudo, você pode se especializar em escrita, em tatuagens tribais, então esses segmentos dão possibilidade para a pessoa que não tem afeição com desenho e elas conseguem trabalhar com tatuagens de outras maneiras.

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