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Sobrevivente de assalto conta como está sua recuperação

Sobrevivente de assalto conta como está sua recuperação

Data de Publicação: 26 de maio de 2023 14:22:00 Vladimir Caldas, segurança bancário há 13 anos teve seu mundo abalado após ser baleado em um assalto à agência em novembro de 2022. Agora, ele conta o que ocorreu no dia do assalto e como está sua recuperação.

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1. Você sempre quis ser segurança?

Minha vida inteira eu sempre tive uma quedinha pela área policial, de segurança. Fui militar por 9 anos no 5

Trabalhei em Florianópolis, lá foi meu primeiro emprego numa empresa que é extinta hoje em dia. Lá trabalhei com segurança patrimonial, trabalhava com moto, teve uma noite que eu andei 250km na cidade. Depois disso voltei para Mafra e tive a sorte de entrar no Sicoob e fiquei 13 anos trabalhando lá.

 

2. Pode nos contar o que ocorreu no dia do assalto?

No dia, o assaltante simulou um cadeirante, essas pessoas já tinham ido na agência uma semana antes, simulando um atendimento normal e como a gente tem aquele acesso para cadeirantes, para pessoas com marca-passo, eles usaram esse artificio para entrar na empresa e tentar efetuar o assalto.

Eu fiz a abertura da agência nesse acesso especial e quando estava fechando a porta o rapaz ficou de pé e falou que era um assalto. Ele estava armado, eu primeiramente tentei dar um tapa na mão dele para tentar derrubar a arma, mas vi que ele já estava com a empunhadura fechada e vi que já não podia fazer mais nada, pois ele estava com a empunhadura feita, com o dedo no gatilho, e nisso ele se assustou, eu também fiquei imóvel e ele efetuou o disparo.

Na hora que levei aquele tiro minhas pernas já apagaram, não sentia mais elas e foi como se uma lâmina cortasse metade do meu corpo. Nisso eu caí, mas estava consciente ainda, vendo toda a ação deles, a gritaria, as pessoas entrado em pânico, tinham crianças, pois a agência estava em pleno funcionamento, era véspera de feriado, dia 14 de novembro, então o banco estava cheio.

Eles não conseguiram concluir o assalto, porque me baleando eles ficaram meio perdidos. A ação da polícia foi muito rápida também, tentaram fazer as negociações, os bandidos tentando fugir, e fiquei cerca de 40 minutos sem ajuda, eles acharam que eu tinha morrido. Teve uma hora que eles queriam um controle remoto para fechar a agência, porque tinha muita gente saindo, gente tentando entrar, e eles me ergueram para tentar achar o controle da porta, e nisso eles acionaram o botão de pânico, que avisa a central de alarmes, então para eles estava dando tudo errado. Eles queriam R$400 mil, não tinha esse valor no banco, e eles queriam levar uma criança de refém também, foi um momento bem traumatizante.

Eles acabaram se rendendo, o resgate já me levou e dali fui para o hospital e lá já fizeram os procedimentos.

O tiro penetrou pelo pescoço, no lado esquerdo e atingiu a 5ª vértebra cervical e o projétil se alojou do lado da medula. Foi feita a cirurgia para a retirada do projétil.

 

3. Em algum momento você achou que não sobreviveria àquela situação?

Meu medo era que eu pudesse ficar tetraplégico. Até na hora que eu levei o tiro pensei, “meu deus, tinha tanta coisa para fazer nesse feriado e agora estou baleado aqui”. Mas na hora que eu caí, já tentei mexer meu pé, meu dedão do pé direito eu já vi que mexeu, então sempre tive confiança de que ia sair daquela situação, porque eu não nasci para ficar tetraplégico.

Depois disso tudo correu bem. Eu tive muita sorte, porque fui resgatado muito rápido, tive uma equipe muito prestativa na hora, estavam o doutor Alin e a doutora Sthefani, que foram precisos, foram enviados por Deus. E graças à Deus deu tudo certo.

 

4. Como está a sua saúde atualmente?

Eu estou meio debilitado ainda, estou com o lado esquerdo do corpo parcialmente paralisado, com dificuldade de movimentos na mão esquerda, a perna também dá alguns espasmos, mas estou caminhando, que nem um pinguim, mas estou caminhando. A dois meses atrás quando cheguei em casa eu estava de cadeira de rodas, de fraldas, estava bem debilitado e graças à fisioterapia, medicamentos e aos meus cuidadores fui melhorando. Foi uma progressão, a cada dia melhorando, e a cada dia uma luta contra a dor, mas o importante é estar vivo.

 

5. O que mudou na sua vida após o assalto?

Mudou tudo, porque eu era uma pessoa muito ativa. Trabalhava no Sicoob, e tinha minha oficina de concerto de máquinas de costura e sou pedreiro de fim de semana. Então o que mudou foi eu ter que ficar mais sossegado, mais sedentário.

Antes fazia academia, estava treinando handebol, até gostaria de mandar um abraço ao Sanderson do handebol. Uma coisa que me ajudou a superar minhas dificuldades foi estar bem de saúde, estava praticando esportes, não estava bebendo tanto, estava maneirando na comida, e isso me ajudou muito. O esporte é muito importante na nossa vida, estar bem de saúde é importante, porque se você cair no hospital já debilitado é bem pior.

O que mudou também é que comecei a dar valor às pequenas coisas, até poder escovar os dentes sozinho, normalmente a gente não liga para isso, é uma coisa automática. Quando eu cheguei em casa não tinha nem forças para apertar o controle remoto para trocar o canal de televisão, uma coisa boba, do dia a dia, que quando você está debilitado você dá mais valor.

 

6. Eventualmente você poderá voltar a exercer a sua profissão?

Não, não posso mais. Agora eu estou aposentado por invalidez. E se eu voltasse a ser segurança eu matava a minha mãe do coração, ela quase morreu também. Mesmo se pudesse voltar eu não voltaria, já deu o que tinha que dar.

 

7. Para finalizar, pode deixar uma mensagem aos nossos leitores!

Queria dizer para as pessoas manterem a fé em Deus, terem pensamentos positivos para superar as dificuldades, porque a mente é muito importante para o ser humano, tudo o que você pensa as vezes você acaba realizando, então sempre ter pensamentos positivos e não aceitar coisas negativas. Cuidar no que você assiste, no que você lê, porque as vezes vocês está alimentando a mente com coisas que não vão te agregar em nada. Cuidar da mente, cuidar do corpo, praticar esportes, cuidar da família, das pessoas que estão próximas.

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