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Neurociência em foco: o que realmente significa uma avaliação neuropsicológica?

Neurociência em foco: o que realmente significa uma avaliação neuropsicológica?

Data de Publicação: 12 de janeiro de 2024 11:17:00 Nesta entrevista da coluna Saúde e Equilíbrio, a psicóloga Kelly da Silveira fala tudo sobre a avaliação neuropsicológica, desde faixa etária, objetivo e preparos para a realização dos testes.

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1. O que é a avaliação neuropsicológica?

A definição da avaliação neuropsicológica é muito vasta, ela pode ser utilizada para vários fins, inclusive para reabilitação neuropsicológica, mas de um modo mais geral vou trazer a resposta mais alcançável para o público que busca esse tipo de avaliação. A avaliação é uma investigação através de testes padronizados que mensuram o perfil do sujeito nos âmbitos psicológicos, sociais, emocionais, de habilidade ou dificuldades cognitivas, então é como se fosse um mapeamento da condição do sujeito.

 

2. Qual a faixa etária para ser avaliado com esse teste?

A avaliação é aberta independente da faixa etária, ou seja, ela abrange uma faixa etária indeterminada, mas o meu trabalho é com pessoas de mais de 11 anos, ou seja, atuo com adolescentes e adultos. Se caso os responsáveis quiserem buscar a avaliação para a criança, eu tenho colegas as quais indico.

 

3. O que a avaliação identifica no paciente?

Muita coisa, como o perfil de personalidade, características emocionais, nível de depressão, ansiedade, desesperança e de ação suicida, estresse, qual o perfil de habilidade social do sujeito, habilidades e dificuldades cognitivas, cociente intelectual, inteligência, velocidade de processamento, nível de atenção, memória.

 

4. Qual é o objetivo dessa avaliação?

O objetivo pode variar, mas de que maneira que as pessoas chegam até mim? Na maior parte das vezes é através de uma indicação médica, então o paciente vai até o médico em busca de um tratamento e o médico solicita para saber qual o melhor direcionamento, no entanto, tem crescido a demanda espontânea.

 

5. Como funciona e como é feita essa avaliação?

Ela é feita em sessões, eu particularmente gosto de atuar em uma única sessão em um único período, ou seja, uma manhã ou uma tarde inteira, sendo 4 horas de trabalho, onde o paciente vem, passa a tarde ou a amanhã comigo e aplico todos os testes e posterior a isso elaboro as correções necessárias. Após as correções, faço uma interpretação desses resultados e a elaboração do laudo, onde são umas 7 páginas descrevendo o funcionamento do paciente.

 

6. O que são esses testes?

Eles são testes psicométricos, padronizados, criados especificamente para isso, e precisa de uma norma estatística, de uma aprovação, alguns são nacionais, outros internacionais, e os internacionais são trazidos para o Brasil e adaptados para a mostra brasileira, então não são testes de internet. Esses testes são caros, as folhas de respostas têm direitos autorais, então é um instrumento que não está disponível para a população e somente psicólogos tem acesso. Nós precisamos pagar por licença para uso desse material, e por ele ser estatístico, revisado e padronizado, ele precisa naturalmente passar por revisões, então a cada período de tempo, se o instrumento não é revisado, ele é descartado e nós não podemos mais utilizá-lo para esse fim.

Em alguns deles, o paciente se autoavalia, responde sobre si, e vários outros, que eu acho que são a cereja do bolo em que coloco o paciente em execução, então eu que avalio o paciente.

 

7. Tem algum preparo para isso?

Depende da finalidade da avaliação. Quando é uma avaliação de critério espontâneo, onde não tem uma queixa de déficit de atenção, ou não há um tratamento prévio, é só o paciente vir. No entanto, se o paciente já está em tratamento, por exemplo, para TDAH, e ele usa ritalina ou algum psicoestimulante, o preparo é parar de usar pelo menos dois dias antes da avaliação. Com os demais psicotrópicos, ansiolíticos, antidepressivos, eu não sugiro a paralização, porque não é recomendado, porém sempre informo antes de fazer a avaliação.

 

8. As pessoas tem medo de serem avaliadas?

Muito, porém depois é um divisor de águas. No pós-avaliação o paciente sai muito satisfeito, normalmente ele gera mudanças expressivas de vida. Eu já vi paciente que conheceu um diagnóstico que ele não sabia que tinha, já vi um que passou a vida inteira achando que era burro, mas não era nada burro, tiveram pacientes que descobriram coisas como TDAH, Transtorno do Processamento Auditivo, altas habilidades também têm aparecido muito, onde um paciente tem um sequencial de problemas, mas nunca imaginou que é porque ele é superdotado, até porque ser superdotado não é fácil.

 

9. O que você mais vê com os resultados?

O que mais vejo são os tratamentos sendo direcionados de uma maneira equivocada, por exemplo, o paciente vai numa consulta médica, e ele já está em tratamento de TDAH, só que, no entanto, ele não tem TDAH, e não é que o médico é ruim, mas é que nós não dispúnhamos desses instrumentos antes, e agora nós dispomos. É como se fosse o exame de sangue da condição psicológica, então, assim como você não vai tratar uma diabetes sem antes fazer um exame de sangue, você não vai tratar uma condição emocional sem antes fazer um teste psicométrico.

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