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Mulheres que inspiram: Susan conta sua história com o câncer de mama

Mulheres que inspiram: Susan conta sua história com o câncer de mama

Foi quase um ano de tratamento, mas hoje ela está curada e compartilha um pouco de sua luta contra a doença

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Por Aline Cardoso

O jornal Diário de RioMafra trouxe no decorrer deste mês de outubro mulheres para contar suas histórias com o câncer de mama. E nesta última edição do mês quem compartilha um pouco da sua história é a Susan Lis Cardoso dos Passos de 37 anos de idade. Confira!

 

Por ter histórico familiar de câncer Susan fazia seus exames semestralmente “tinha feito meus exames em março e estava tudo certo” disse Susan. Porém no dia 01 novembro de 2019 durante a noite ela sentiu uma fisgada muito forte em seu peito e quando colocou a mão sentiu um caroço. “Na hora foi aquele desespero, saí correndo para ver. Não consegui dormir e as 2:30h da madrugada fui para o hospital. O clinico geral me encaminhou para a obstetra de plantão, deve ter percebido meu desespero. Me avaliou e disse que realmente tinha algo, mas que precisaria de ultrassom para avaliar”, contou. Após feito todos os exames Susan recebeu o diagnóstico de tumor tipo hormonal, luminal B.

“No fundo já imaginava que era câncer mas sempre temos uma esperança de que não seja. Quando o médico falou que tinha uma alteração e que teríamos que tratar eu entendi o recado. Não recebi a notícia: você tem câncer. Foi mais leve. Na hora meio que não tive reação, perguntei sobre os próximos passos e como seria o tratamento. Ao sair do consultório estava anestesiada, fomos até o carro onde desabei no colo do meu marido. Eu só pensava na minha filha de 3 anos, que não queria deixa-la. É uma dor horrível” lembrou.

Seu tratamento iniciou com cirurgia e após as quimioterapias. Segundo Susan foram no total 16 sessões. “Fiz 4 sessões vermelhas, quinzenalmente e 12 sessões brancas semanalmente. Minha última quimio foi em 30 de junho de 2020”, falou.

Ela também realizou as radioterapias que foram 25 sessões diárias “iniciei dia 20 agosto de 2020 e terminei em 24 setembro”

Após terminar as quimios também realizou aplicações trimestrais de Zoladex, que de acordo com ela é um bloqueador hormonal “como o tumor que tive era hormonal, precisei ser colocada em menopausa” ressaltou.

Susan lembra que emocionalmente ela ficou perdida, confusa e com muito medo “iniciei com psicóloga para me ajudar a conciliar tudo que estava acontecendo” disse. O planejamento dela e seu marido para esse ano de 2020 era ter mais um filho, porém com a descoberta do câncer e o tratamento esse plano foi impedido. “No tratamento do câncer as decisões precisam ser tomadas muito rápido, na maioria das vezes você nem consegue digerir a notícia e já precisa tomar decisões que vão te afetar para o resto da vida” falou Susan.

O tratamento de câncer na maioria das vezes afeta bastante o físico do paciente que o faz, e com Susan não foi diferente “fisicamente fiquei muito cansada, ganhei 10kg com as quimioterapias pois recebemos muito corticoide que além de inchar te dão mais fome” destacou.

No entanto, Susan teve todo apoio de sua família que a acolheu e fez com que ela ficasse mais forte para passar pela doença com muita força de vontade e garra. “Meu marido ficou assustado e com medo também mas foi muito parceiro e acolhedor. Em momento algum me deixou sozinha, me acompanhava todas as etapas.”

Susan tem uma filha pequena, que na época da descoberta do tumor fez 3 anos de idade. Foi um pouco difícil para as duas, pois Susan conta que sua filha sofreu por ela não poder pegar a menina no colo “ela sabia que a mamãe tinha um dodói no peito, que fez cirurgia e depois quando os cabelos iam cair ela dizia que não queria, chorava, falava que a mamãe ia ficar feia. Mas conseguimos virar o jogo e fizemos um ensaio fotográfico para fazer o corte de cabelo e ela foi demais. Não teve lágrimas e conseguimos transformar o momento de dor e sofrimento em algo mais leve, com sorrisos. Se minha filha tivesse chorado durante o corte de cabelo eu teria chorado também”, lembrou Susan.

Atualmente Susan diz estar muito bem “terminei o tratamento, continuo com medicamento por 5 anos e outro depois mais 5 anos. Estou em acompanhamento e em fevereiro de 2021 farei nova cirurgia para retirada da outra mama e ovários preventivamente. Fiz o teste genético que confirmou mutação no gene BRCA2 e esta mutação me dá maiores chances de ter câncer na outra mama e nos ovários, então farei a retirada já.”

Sua vida mudou completamente com a vinda da doença e ela conta como isso aconteceu “você não é mais a mesma, sua família e amigos acabam mudando também. Eu estou afastada do trabalho, tive sequelas, estou iniciando fisioterapia pois tive encurtamento dos nervos no braço operado. Também faço acupuntura para dores no corpo que sinto devido ao medicamento e agora preciso correr atrás de emagrecer para ter uma qualidade de vida melhor pois a obesidade é um fator de risco para pacientes oncológicos.”

Susan ainda deixa uma dica para todas as mulheres “o autoexame é fundamental, porém não é só ele. O câncer quanto antes diagnosticado maiores as chances de cura e tem tumores que são tão pequenos que não sentimos no alto exame. Então, procurem seu médico, façam os exames e principalmente conheçam seu corpo para poder identificar qualquer alteração o quanto antes. Se toquem! Se amem!” E sua mensagem final é de alerta a todos “receber o diagnóstico de câncer não é fácil, porém hoje receber este diagnostico não é uma sentença de morte. Temos que desmistificar o câncer, não digo romantizar, até porque todo o processo não é fácil. Mas é possível sim passar por ele e vencer, se tornar mais forte. Conheçam seu corpo, se toquem 365 dias não somente no Outubro Rosa. Você pode salvar sua vida”, finalizou.

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