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Leia, do grupo “Blackswan”, concede entrevista para o Jornal Diário de Riomafra: Como é ser a única brasileira no K-Pop?

Leia, do grupo “Blackswan”, concede entrevista para o Jornal Diário de Riomafra: Como é ser a única brasileira no K-Pop?

Data de Publicação: 16 de dezembro de 2021 17:18:00 Natural de Curitiba, Larissa Cartes, mais conhecida por “Leia” é a única cantora brasileira na indústria sul-coreana atual. Em um grupo com mais três mulheres, o “Blackswan”, Leia conta mais sobre como é ser Idol e sobre as dificuldades da fama. Confira!

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Giulia: Como é o grupo onde você canta, o Blackswan?

Leia: Somos um grupo que nasceu na Coréia, porém é multinacional. Temos por objetivo, assim como falamos, “Be Unique” (Seja Único), queremos mostrar para as pessoas que qualquer um pode realizar seus sonhos, por que cada um é único. Essa é a mensagem que queremos passar! Quem imaginaria que teria uma brasileira e uma senegalense no mundo do K-Pop, então nada é impossível. Cada um é único da sua forma, do seu jeito, não interessa sua raça, seu país, de onde você é, sua altura e sua idade. Nossa líder tem uma idade já “avançada” para o mercado do K-Pop. Nosso grupo debutou quando ela já tinha 27 anos, e lá na Coréia já seria uma idade mais avançada para isso.

É difícil alguém de fora entrar nessa indústria, principalmente por causa da cultura. Por isso, eles geralmente pegam pessoas principalmente da Ásia ao invés da América Latina, pela cultura ser muito diferente.

 

Giulia: Você é a única brasileira atualmente lá?

Leia: Atualmente sim. Tenho um amigo lá também, o Victor The Drummer. Ele também estava em uma banda, mas acabou saindo por alguns motivos. Mas atualmente e infelizmente, sou só eu de brasileira no K-Pop.

 

Giulia: Sabemos que não é fácil virar Idol. Como tudo aconteceu? Seus pais te apoiaram?

Leia: Olha, eles em si não apoiaram, porém meu pai acabou me apoiando bastante. Eles pensavam assim: “Você tem 14 anos e vai para o outro lado do mundo, você vai fazer o que lá, como você vai?”. E mesmo tendo a empresa me apoiando, eles ficaram bastante preocupados. Meu pai sempre esteve do meu lado, me ajudando mais. Minha mãe era mais “Meu Deus, vão te sequestrar lá, o avião vai cair, você vai morrer!”. Ela acabava colocando bastante obstáculos.

 

Giulia: Quais foram os maiores choques culturais que você sentiu ao se mudar para a Coréia?

Leia: Formal e informal e a hierarquia. É muito difícil, principalmente na indústria em que eu estou trabalhando.

Sobre barreiras de linguagens, teve a parte cultural. Com o mais velho, você tem que falar formalmente, e isso é muito difícil. Eu sou a “Maknae” (mais nova do grupo), então eu tenho que usar o formal com todos os membros. Aqui no Brasil, não fazemos tanto isso, então acaba sendo bem complicado.

 

Giulia: E sua rotina lá? Como é o dia-a-dia em períodos de divulgação?

Leia: Quando vamos estrear alguma música, não tem tempo para nada. Nada. Às vezes, folgamos no domingo, mas não podemos sair. Tem horário para sair, horário para voltar. Antes de lançar um clipe, por exemplo, a rotina é maluca. Tem vezes que ficamos mais de 24 horas gravando o clipe.

É exaustivo, mas eu gosto. Fizemos recentemente o comeback (lançamento) de “Close To Me”, que inclusive, foi muito legal de fazer! Os stages (apresentações) foram também muitos legais, tivemos dançarinas e tudo mais, conheci muitas pessoas, tive bastante oportunidade de conversar com as pessoas, então para mim foi muito legal.

 

Giulia: Como é ter fãs, lanças músicas e gravar os clipes?

Leia: Ainda não sei como, eu ainda não me acostumei. Na Coréia do Sul não somos tão conhecidas quanto fora de lá. Acabou que quando eu vim para o Brasil, uma menina já me reconheceu no aeroporto! Já fiquei pensando: “Meu Deus do céu, ela me viu sem maquiagem, sem nada, e agora?” fiquei maluca. Ontem eu encontrei duas fãs e nossa, eu ainda não acredito, ainda não caiu a ficha. Nós debutamos na época do Covid, então não tivemos a oportunidade de encontrar os fãs pessoalmente, foi um choque para mim, ainda não acredito!

 

Giulia: Na Coréia existem os programas de música semanais, onde os artistas, em períodos de divulgação, vão lá para serem premiados. Como é participar deles?

Leia: É maluco. Eu vi pessoas que eu nunca achei que eu veria! Como somos um grupo novo temos que sempre estar nos apresentando, mas é muito divertido, de verdade. É muito incrível estar em um lugar onde você nunca pensou que estaria, eu ainda não acredito como é estar no mesmo palco com as pessoas que eu admiro, como por exemplo, o Blackpink e o SuperJunior. Eu sou super fã do SuperJunior, comecei a gostar de K-Pop por causa deles. Ver eles e saber que pisei no mesmo palco que eles, é incrível.

 

Giulia: Na Coréia, os cantores são conhecidos como “Idols”. Ser Idol sempre foi um sonho seu? Se você não fosse, o que você seria?

Leia: Eu sempre gostei de música, desde pequenina. Eu nunca pensei em ser outra coisa, por que desde os meus 14 anos eu estou correndo atrás disso. Então acabou que nunca passou pela minhas cabeça ser por exemplo, uma engenheira, algo assim. Claro, sempre pensei que eu deveria ter um plano B, mas nunca pensei em algo que me satisfizesse tanto quanto ser uma cantora.

 

Giulia: Quais são suas maiores inspirações no mundo da música e em sua vida pessoal?

Leia: Na música, ultimamente eu tenho admirado bastante a Lisa do Blackpink. Ela falou que trabalhou com o produtor Teddy em sua última música, e achei super inspirador. Ainda mais ela sendo estrangeira na Coréia do Sul e fazendo o tanto de sucesso que ela faz, é inspirador para mim.

Fora da música, eu acho que seria minha mãe e a Marilyn Monroe, que eu admiro muito. Eu vi o documentário e ela é o tipo de pessoa que se “você der um limão para ela, ela vai fazer uma limonada”, e tem uma história de vida muito incrível.

 

Giulia: Quais são seus planos para o futuro?

Leia: Eu queria fazer alguma coisa no Brasil, alguma música. Um Tour mundial com as meninas talvez, se o Covid deixar. Mas principalmente fazer algo no brasil, em português, para mostrar a música brasileira para os coreanos.

 

Giulia: Sabemos que aqui no Brasil muitos jovens tem o sonho de se tornarem astros do K-Pop. Que mensagem você mandaria para essas pessoas?

Leia: Primeiramente, super clichê: não desista. Segundo: se você souber falar coreano e conseguir se adaptar na cultura, vai ser muito melhor, de verdade. E não esqueça a sua essência e de onde você veio. Acho muito importante isso, mostrar que você é, por que a indústria acaba mexendo muito com a gente, e às vezes acabamos sendo quem eles querem que a gente seja. Isso é uma coisa que eu queria passar para as pessoas, que é não perder a sua essência nunca. Você é quem você é e você é único por isso.

 

Confira, abaixo, o vídeo da entrevista: 

 

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