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Dia de conscientização do autismo: novo neuropediatra de Mafra comenta sobre a síndrome

Dia de conscientização do autismo: novo neuropediatra de Mafra comenta sobre a síndrome

Data de Publicação: 1 de abril de 2022 13:53:00 Nesta entrevista, o neuropediatra Felipe Moreschi fala sobre sua profissão e atuação em Mafra, e sobre a conscientização do autismo.

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1. Qual é a função do neuropediatra?

Neuropediatra é uma especialidade médica que atende os problemas neurológicos de crianças e adolescentes, fazendo diagnóstico e orientando tratamento de transtornos do desenvolvimento – como o do Espectro Autista, transtornos de aprendizagem, epilepsias, cefaleias (dores de cabeça), entre outros problemas nessa área.

 

2. Onde você estará atendendo em Mafra?

A Prefeitura de Mafra, através da Secretaria Municipal de Saúde, contratou-me como neuropediatra para atender os pacientes do SUS na Policlínica Municipal.

 

3. Quando é necessário o encaminhamento da criança para o neuropediatra?

As causas mais comuns são suspeita de atraso do desenvolvimento, autismo, crises convulsivas, paralisia cerebral, dificuldade de aprendizado, dores de cabeça crônica, além de prejuízo da força, sensibilidade ou coordenação motora.

 

4. Explica para a gente, o que é autismo?

O Autismo é um transtorno que afeta a comunicação e a socialização, com a presença de alterações de comportamento. Podem ser percebidos atraso na fala, prejuízos no contato visual, dificuldade na linguagem corporal ou no uso de gestos. Os prejuízos na socialização, por sua vez, podem ser percebidos por uma falta de interesse ou grande dificuldade e inadequação para interagir com outros da mesma idade ou compartilhar interesses em brincadeiras ou jogos.

São exemplos de alterações no comportamento a fixação por rotinas ou apresentar rituais de comportamentos repetitivos, interesses fixos em objetos ou determinados assuntos e a sensibilidade exagerada ou muito reduzida a certos estímulos, como sonoros ou luminosos.

O autista não precisa ter todos esses sintomas, mas pelo menos alguns sintomas abrangendo os três grupos descritos.

 

5. Como é feito o diagnóstico do autismo?

O primeiro passo é a família e professores estarem atentos aos sinais descritos. Essas características de desenvolvimento atípico se manifestam de forma precoce - logo nos primeiros anos de vida, mas podem passar despercebidas enquanto a criança tem menor convivência com pessoas de fora da família. São sinais de alerta importantes uma criança com mais de 1 ano que ainda não fala nenhuma palavra ou que não dá tchau ou bate palmas. Havendo a suspeita, deve-se procurar o quanto antes o pediatra ou o médico de família.

Se houver dúvidas poderá ser consultado um especialista, geralmente um neuropediatra, psiquiatra ou neuropsicólogo, para esclarecer a situação.  Como não existem exames de sangue ou imagem para realizar esse diagnóstico, um profissional capacitado e devidamente treinado em transtorno do espectro autista deve avaliar a história desenvolvimento dessa criança e pode se valer de testes e entrevistas padronizados que auxiliam esse diagnóstico.

 

6. Se a criança não for diagnosticada cedo, quais as dificuldades que ela terá ao crescer?

O diagnóstico precoce é muito importante pois possibilita iniciar o quanto antes as terapias especializadas com profissionais da equipe multidisciplinar. O cérebro que está em início de desenvolvimento possui mais facilidade para aprender e se reprogramar. Ou seja, quanto mais nova a criança submetida às terapias, maior será a capacidade de ela desenvolver comunicação, socialização e corrigir comportamentos que geram sofrimento para ela e os que estão ao seu redor.

 

7. O que você tem a dizer para nossos leitores sobre o dia da conscientização do autismo?

É importante utilizar o dia da conscientização do autismo para que o maior número de pessoas, principalmente os pais, fiquem sabendo desse problema e iniciem o mais cedo possível os cuidados. Também é fundamental que todas as pessoas aprendam a importância, cuidado e respeito que se deve dar aos que estão no espectro autista, para que situações em que crianças que eram consideradas “diferentes” e deixadas de lado fiquem definitivamente no passado.

O Transtorno do Espectro Autista tem causa genética e não é transmissível de uma pessoa a outra. As dificuldades de regulação emocional e socialização de indivíduos autistas geram muito sofrimento para eles e suas famílias e não podem ser vistos como falta de educação ou birras. Entender mais sobre essa condição permite que os não-autistas possam ter empatia e compreender as dificuldades que essa população enfrenta e ajudar a incluí-los na sociedade.

Quanto mais pessoas souberem sobre o autismo, mais rápido identificarão sinais nelas próprias ou em seus familiares e irão procurar ajuda especializada, que atualmente existe e que se mostra cada vez mais eficiente, com novos conhecimentos e recursos que a ciência desenvolve.

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